Descrição de chapéu Obituário Rosa Cass (1926 - 2023)

Mortes: Firme e serena, foi referência no jornalismo econômico

Rosa Cass representou o leitor no trato com autoridades

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São Paulo

A 13ª edição do Congresso Nacional de Bancos, realizada em Belo Horizonte em outubro de 1979, começou com um embate enérgico entre a ditadura e o setor bancário sobre quem era culpado pela inflação. Uma das pessoas enviadas pela Folha à capital mineira para relatar as discussões, rusgas políticas e reações dos bancos era Rosa Cass.

A jornalista, à época com 53 anos, trabalhou com a costumeira firmeza em relação a autoridades e empresários. Cass sempre conduziu suas apurações com educação e tranquilidade, ainda que fosse conhecida pelas perguntas incisivas.

Aquela cobertura aconteceu durante a segunda passagem da jornalista pela Folha, de junho de 1979 a agosto de 1980. A primeira fora de outubro de 1975 a maio de 1979.

Rosa Cass ao centro, com as sobrinhas Ana Léa à esquerda e Ester à direita. a foto foi tirada no aniversário, há um bolo e decorações diversas com balões
Rosa Cass (1926-2023) ao centro, com as sobrinhas Ana Léa (à esq.) e Esther (à dir.) - Arquivo pessoal

O tom de cobrança era como uma defesa do pequeno investidor e dos leitores, segundo a jornalista Sônia Araripe, uma das muitas pupilas de Rosa.

Nascida em 25 de abril de 1926, em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, Rosa Cass era de uma família de judeus que fugiu da perseguição em Moldova, país do leste europeu. Na juventude, mudou-se para a capital fluminense e cursou pedagogia na Faculdade Nacional de Filosofia (hoje parte da UFRJ).

Sua primeira profissão não foi no jornalismo, mas na sala de aula. A atuação como professora contribuiu para que ela desenvolvesse um estilo didático na escrita e com a capacidade de ensinar os colegas nas Redações pelas quais passou —a lista inclui veículos como Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil e Jornal do Commercio, no qual trabalhou a maior parte da carreira.

Mas a vida nunca foi só trabalho. Foi também a tia Rosinha, dedicada à família e à criação dos seis sobrinhos, que acompanhou durante toda a vida.

"Nas férias era farra na casa dela, que sempre incentivava nossos estudos. Ela aumentava nossa mesada quando passávamos para o segundo grau, ganhávamos relógio. Ela sempre foi muito presente, fazia a gente pensar", diz a sobrinha Ana Léa Vasconcelos Cass, 68.

A jornalista também fez muita gente pensar durante o trabalho voluntário de longa data no Instituto Rogério Steinberg, no Rio, no qual editava um jornal com o resultado dos debates dos jovens atendidos no local.

Rosa Cass morreu em 10 de junho, aos 97 anos, em decorrência de insuficiência renal. Deixa as sobrinhas Ana Léa e Esther Cass, 71, com quem passou o último aniversário, e uma legião de amigos e alunos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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