Descrição de chapéu Obituário Wladimir Ventura Torres Pomar (1936 - 2023)

Mortes: Cientista político, escritor e jornalista, coordenou as primeiras campanhas de Lula

Wladimir Pomar viveu na clandestinidade para atuar contra os governos militares durante a ditadura

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São Paulo

Wladimir Ventura Torres Pomar nasceu em Belém (PA), em 1936, filho de Catarina Torres e Pedro Pomar, um militante comunista perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas. Durante a Segunda Guerra Mundial, a família se mudou de navio para o Rio de Janeiro.

Logo cedo, aos 13 anos, Wladimir seguiu os passos do pai e se tornou militante do Partido Comunista. Nos anos 1950 e 1960, atuou nos movimentos estudantil e sindical metalúrgico e auxiliou na reorganização do PCB após o golpe militar de 1964, que instaurou a ditadura no país.

Por resistir ao golpe, ele se viu obrigado a viver com a família na clandestinidade até 1976. Na época, já era casado com Rachel e tinha dois filhos, e todos adotaram outros nomes para fugir da perseguição dos militares. Wladimir se tornou Valter Reis Soares. A mulher, Sonia, e os filhos, Pedro Estevam e Vladimir Milton, passaram a ser Marcos e Milton. Valter, o terceiro filho, nasceu durante a clandestinidade e não precisou ter o nome alterado.

Wladimir Ventura Torres Pomar (1936 - 2023) e o deputado federal Vicentinho (PT)
Wladimir Ventura Torres Pomar (1936 - 2023), à dir., e o deputado federal Vicentinho (PT) - Arquivo pessoal

Segundo Pedro Estevam, na clandestinidade, eles viveram inicialmente em São Paulo antes de se instalarem com outros militantes em uma fazenda em Santa Terezinha dos Crixás (GO). Em seguida, foram para o Ceará e para o Pará, com o pai sempre ajudando a coordenar as ações contra o regime.

Wladimir acabou sendo preso duas vezes durante a ditadura. A primeira foi logo no início, em 1964, quando estava com companheiros em um trem na Bahia, para onde foi tentar resistir ao regime militar. Depois, em 1976, no evento que ficou conhecido como o Massacre da Lapa, na capital paulista, quando o Exército invadiu uma convenção do PCdoB e matou três dirigentes do partido, sendo um deles o seu pai, Pedro Pomar.

Em 1979, Wladimir saiu da cadeia. Algum tempo depois, ingressou no recém-criado PT, integrando a partir de 1984 como secretário de formação política, período em que participou da coordenação da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva a deputado federal constituinte e, em 1989, foi coordenador-geral da campanha de Lula à Presidência.

"Foi um militante e um intelectual valoroso do Partido Comunista do Brasil e do Partido dos Trabalhadores. Lutou pelas causas sociais durante toda a sua vida, enfrentando a ditadura e a repressão em diferentes momentos da história do Brasil", lamentou o presidente Lula, em nota.

Em 1990, Pomar encerrou seu mandato no PT e deixou a vida política para se dedicar a outra paixão: a escrita. Nos anos que se seguiram, ele escreveu cerca de 20 livros, segundo Pedro Estevam. Muitos deles contando suas histórias da ditadura, mas também analisando a formação social e econômica brasileira e descrevendo a ascensão da China como potência global.

Pomar também se tornou colunista fixo do jornal Correio da Cidadania desde sua fundação, em 1996.

Wladimir Pomar morreu no dia 9 de junho em São Paulo, aos 86 anos, devido a complicações provocadas por uma displasia, o desenvolvimento celular fora do normal, que pode gerar má-formação de um tecido ou órgão. Ele deixa a mulher, Rachel, 3 filhos, 11 netos e 7 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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