Descrição de chapéu Obituário José Carlos Saldaña (1951 - 2023)

Mortes: Marcou a vida musical na zona leste de São Paulo

José Carlos Saldaña teve bares, imobiliárias e fundou escola de música

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Brasília

O músico e empresário José Carlos Saldaña era o Carlito para familiares e amigos, seu Saldaña para parceiros e clientes, o Cá para a mulher de décadas de casamento e para os três filhos, Vinicius, Ricardo e Paulo, todos de áries como o pai.

Foi feirante, vendedor, jovem empreendedor de vendas (de panelas a chinelos), organizador de bailes, dono de bares com música ao vivo, compositor que lançou disco, boêmio, corretor de imóveis. Sempre um músico, de violão em punho e repertório infinito na ponta da língua.

Carlito nasceu em 1951, de parto caseiro, na zona leste de São Paulo. A mãe, Julia, falecera quando ainda tinha três anos, deixando-o com o pai, o espanhol Rafael. Já na infância foi para a vida, viveu em São Manuel, interior do estado, voltou para a capital e foi batalhar por um canto onde ficar e um lugar no mundo para ser visto.

homem de óculos escuros segura um violão
José Carlos Saldaña (1951 - 2023) - Acervo pessoal

Foi na porta da escola na Vila Carrão, zona leste, onde conheceu a Bé ainda na juventude. A adolescente de 14 anos virou namorada, mulher, mãe dos filhos e parceira de vida que comemoraria em setembro 47 anos de casamento.

"Ele sempre foi alegre, irreverente e transparente, mas muito amoroso e generoso", diz a professora e diretora aposentada Elisabete Saldaña, 65, a Bé. "Foi meu único e grande amor."

Com a Bé montou nos anos 1970 o bar Violão, no Tatuapé, depois o Refazendo, na Vila Formosa, este um ponto de encontro de músicos e até show de calouros precursor no lado leste da capital paulista. Firmou-se na corretagem de imóveis no início dos anos 1990. Depois do apoio para a mulher se formar pedagoga já com os filhos pequenos, terminou o ensino médio por supletivo.

Do tipo que conversa com todos, e com quem todo mundo gosta de falar, Carlito Saldaña emendava histórias, anedotas e estabelecia conexões instantaneamente. Chegou a convencer ladrão a não roubá-lo apenas com sorriso e lábia.

Mas foi o violão sua principal marca. Praticamente autodidata, dominava um repertório encantador de música brasileira e samba que compartilhava praticamente todos os dias na sala de casa. Lacrimejava de emoção com lembranças e músicas bonitas, que botava alto no som.

Imprimiu nos filhos a paixão e sensibilidade pela música brasileira. Fundou com Ricardo e Vinicius uma escola de música, a Lado B, que já passa de 20 anos de história.

"Foi um pai que abriu sua vida aos filhos, compartilhou seu melhor e seu pior, sem tabus e hipocrisia", diz Vinicius, 45.

Sempre foi Corinthians. Não gostava de injustiças sobretudo com quem mais precisava. Certa vez, em um show gratuito na Praia Grande, peitou uma horda de aproveitadores que queriam levar as cervejas que um vendedor deixou no isopor na fuga da fiscalização.

Nos últimos anos, pegou gosto em viajar com a mulher. Repetia com empolgação os detalhes das aventuras pós-60 anos por Portugal, Espanha e Itália.

No dia 3 de junho, não resistiu a um terceiro AVC e morreu, aos 72, após uma semana internado.

Deixa mulher, três filhos, o neto Caetano, noras, sogra, cunhados, primos e amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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