Uma operação da Polícia Civil na região da cracolândia, no centro de São Paulo, prendeu 18 pessoas e cercou usuários na rua dos Gusmões, atualmente ocupada por dependentes químicos.
O objetivo era prender traficantes e cumprir ao menos 20 mandados com base em imagens de câmeras de segurança e de drones que identificaram supostos traficantes.
De acordo com a delegada Samira Vieira Fares, um dos presos é um procurado da Justiça. Os outros 16 presos já tinham mandados de prisão por tráfico de drogas, segundo o boletim de ocorrência da operação. Entre os presos, 13 são homens e quatro são mulheres. Mais um foragido foi capturado.
Ao menos cinco bombas de efeito moral foram lançadas. Os usuários receberam ordens para se sentarem no chão enquanto a polícia fazia as buscas por suspeitos e realizava a revista —alguns desobedeceram e reclamaram de terem os pertences recolhidos.
Dois sentidos da avenida Rio Branco foram fechados para o trânsito. Não havia equipes de saúde nem de assistência social acompanhando a ação, que teve o reforço da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
A operação ocorreu dias após o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ter anunciado uma espécie de "censo" para identificar os frequentadores do local e separar moradores de rua, dependentes químicos e traficantes. Até quarta-feira (19), cerca de 200 pessoas haviam sido cadastradas.
A ideia do levantamento era levar os usuários de drogas para um novo endereço no Bom Retiro, a cerca de 2 quilômetros do local onde está a cracolândia atualmente. Mas o governo recuou dessa decisão.
A desistência foi atribuída à dificuldade e a mobilização necessária para deslocar as cerca de mil pessoas que frequentam o fluxo até outro bairro.
O Bom Retiro foi escolhido pela proximidade com o Complexo Prates, equipamento da prefeitura que possui vagas de acolhimento, assistência social e tratamento de saúde para dependentes químicos.
Antes da declaração do governador, a prefeitura avaliou outro ponto para fixar a cracolândia, a rua Porto Seguro, no bairro Ponte Pequena, também na região central. A rua fica em meio a abrigos da prefeitura.
Em meio ao vaivém de decisões sobre a movimentação do fluxo, ocorreram ao menos dos confrontos entre usuários e policiais nas últimas semanas.
A mais recente foi na noite desta quarta-feira (19), quando grupo de usuários ateou fogo a materiais recicláveis e fez barricada na avenida Rio Branco. Policiais militares usaram bombas de gás lacrimogêneo para conter a multidão. O confronto ocorreu um dia após Tarcísio anunciar a mudança para o Bom Retiro.
Em nota, a secretaria de Segurança Pública afirmou que a reação ocorreu após a prisão de um traficante.
Uma viatura da GCM foi atingida e teve o vidro quebrado. Dois agentes foram atingidos pelos estilhaços.
Prefeito declarou que haveria 'surpresa'
Na quinta (20), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) negou ter havido desencontro nas decisões entre município e estado e declarou que as gestões planejavam intensificar a ação contra traficantes nos próximos dias.
"Nós vamos ser implacáveis, nós vamos ser contundentes. A gente vai fortalecer essas ações", disse.
"Eu acho que vocês vão ter uma boa surpresa nos próximos dias porque tem uma determinação do governador e do prefeito, não vamos mais aceitar que não se tenha uma ação muito incisiva e rigorosa contra os traficantes", finalizou.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.