Descrição de chapéu trânsito Barbie

Quase 16 mil veículos rosa, como o da Barbie, rodam por São Paulo

Quem quiser modificar a cor do carro precisa seguir regras, segundo a legislação de trânsito; veja como fazer

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São Paulo

O Corvette elétrico dos anos 1950 dirigido pela atriz Margot Robbie no filme "Barbie", em cartaz desde a semana passada, não roda fora das telas —uma versão híbrida e moderna do ícone da Chevrolet, também movida a gasolina, só deverá ser comercializada em escala a partir de 2024— mas não é difícil encontrar por aí veículos rosa, como o da boneca no cinema, das mais diversas marcas.

Segundo o Detran-SP (Departamento de Trânsito) de São Paulo, atualmente há 15.844 veículos nesta cor, e suas variações de tonalidades, registrados no estado.

E nem é pelo fenômeno provocado pelo filme, que até domingo (23) havia sido visto por cerca de 4,1 milhões de pessoas no Brasil. De acordo com próprio Detran, no primeiro semestre do ano passado, a frota rosa paulista tinha apenas 17 veículos a menos (eram 15.827 registros) que a atual.

a gerente administrativa Barbie Tavares, com chapéu e vestido rosa, encostada na porta da réplica de um Porsche Spyder rosa
Réplica de Porsche Spyder pintado na cor rosa da gerente administrativa Barbie Tavares, moradora no interior de São Paulo - Arquivo pessoal

Há de Fusca personalizado, usado para levar noivas à igreja para o casamento, até modelos luxuosos importados, como Range Rover ou Audi.

Conforme dados estatísticos do Ministério dos Transportes, no fim de 2022 eram cerca de 1.500 veículos nesta cor registrados apenas na capital paulista.

Mas não basta mandar pintar ou envelopar o carro. É preciso regularizar a nova cor junto aos órgãos de trânsito.

Apaixonada pela boneca a ponto de ir à Justiça para conseguir mudar o próprio nome, a gerente administrativa Barbie Tavares, 45, ainda não sabe quando terá coragem de colocar nas ruas a réplica rosa de um Porsche Spyder da década de 1960, cuja pintura ficou pronta quase às vésperas da estreia do filme.

Esse foi o terceiro carro pintado de rosa pela moradora de Jundiaí, no interior paulista, que diz ter cerca de 600 bonecas Barbie na sua coleção, guardadas em um apartamento apenas para elas.

Os outros dois foram um New Beattle, ano 2002 e originalmente branco, e um Fusca da nova geração, ano 2014 (saído de fábrica na cor vermelha), semelhante a um dos carros "usados pela Barbie" em seus mais de 50 anos de história.

"Uma vez riscaram [o Fusca] e vendi", afirmou Tavares. O carro foi comercializado por uma pessoa de Campinas que, segundo ela, voltou o veículo para o vermelho original

A réplica do Porsche —também originalmente branca— foi doada por dois empresários, segundo ela. No futuro, o carro deverá ser exposto em eventos de automóveis clássicos.

"Dei só uma voltinha com ele, pois o assédio por causa do filme está muito forte, melhor esperar um pouco", diz a mulher.

Aline Miranda, 32, de São Caetano do Sul, ainda nem tinha muita experiência como motorista, mas já planejava comprar o Fusca rosa do pai de uma amiga, colecionador de veículos antigos. O sonho foi realizado há cerca de seis anos.

O carro, lembra, estava parado, e teve de ser levado em cima de um guincho. Hoje, depois de uma pequena reforma, faz sucesso entre as noivas da cidade do Grande ABC —segundo a dona, ela já dirigiu o Fusquinha para levar mais de cem casais para a igreja, desde que o veículo rosa foi pedido emprestado por um amiga para ser fotografada de véu e grinalda nele.

A partir do sucesso daquelas fotos nas redes sociais, o Fusca se tornou a principal fonte de renda da proprietária, que também trabalha na área financeira.

O Volkswagen, ano 1967, saiu de linha de montagem na cor branca e Miranda não sabe quem fez a transformação. "O pai da minha amiga já comprou ele assim, rosa em tom quase salmão", afirma.

"Por não ser um 'pink' agrada não só mulheres, mas os homens também param para ver o carro no trânsito", diz a dona.

Miranda não teve dificuldades para colocar placas pretas, de colecionador, no carro.

A regulamentação do documento, porém, promete não vai ser tão fácil para o veículo rosa do casal Emerson Almeida dos Santos, 39, e Ananda Fernanda Pontes, 28, moradores em Caraguatatuba, no litoral norte paulista.

A mulher sempre sonhou em ter um carro conversível na cor rosa. Sem dinheiro para comprar um veículo original, nas características desejadas, Santos resolveu cortar o teto do Peugeot 206, prata, da família.

Após cerca de seis meses de trabalho, peças garimpadas em desmanches e tintas doadas por uma loja, e R$ 9.000 de gastos, Santos criou uma versão conversível e rosa perolizado do veículo. A operação artesanal foi mostrada em vídeo na internet pela família que mantém um canal no YouTube.

"Um despachante, porém, afirmou que não consigo regularizar o documento", disse o marido. O veículo está atualmente em exposição em um shopping de Caraguatatuba, numa ação promocional por causa do filme.

De acordo com o advogado Antonio José Dias Junior, coordenador da Comissão de Direito do Trânsito da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, o proprietário do conversível pode tentar regularizar o veículo em um despachante ou via Justiça.

VEJA COMO REGULARIZAR UM CARRO COM NOVA COR

  • A solicitação de autorização prévia para as mudanças é feita de forma eletrônica.
  • Preencha a requisição para modificação de veículo, no caso de São Paulo, conforme modelo disponível no site do Detran-SP, e junte a documentação necessária para encaminhar ao e-mail autorizaçõesprevias@detran.sp.gov.br
  • Com toda a documentação em ordem, será expedida a autorização prévia, que é encaminhada por e-mail ao dono do veículo
  • Em caso de ausência de documentação ou com ela incorreta, o solicitante será informado, também por e-mail, para corrigir a pendência em até cinco dias.
  • Caso essa reparação não seja feita dentro do prazo estabelecido, o pedido será indeferido
  • O veículo não deve ter nenhuma restrição judicial ou administrativa ou débitos, como multas, Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e seguro obrigatório (DPVAT), para anos anteriores a 2021
  • Os únicos que podem pedir a modificação de um veículo são seu proprietário (pessoa física), procurador (também pessoa física), parente próximo ou companheiro ou, se pessoa jurídica, o proprietário ou representante legal da empresa
  • Após os passos iniciais, o proprietário do veículo pode ir à oficina para fazer as modificações de acordo com o que foi previamente aprovado
  • Se a mudança a ser promovida for estrutural, o proprietário poderá apresentar o veículo em qualquer Instituição Técnica Licenciada (ITL) homologada junto à Senatran para promover as alterações
  • Com as modificações efetuadas, será necessário realizar a vistoria para comprovar que tudo foi realizado conforme o solicitado ao Detran-SP na "autorização prévia".
  • Pelo site do Detran, no caso de São Paulo, é possível realizar o agendamento para apresentação do laudo de vistoria e demais documentos em um posto Poupatempo, visando pedir as alterações de dados cadastrais e a emissão da segunda vida da documentação do veículo
  • A taxa referente à segunda vida do CVR (o certificado de registro), caso o licenciamento do ano em curso ainda não tenha sido realizado, é de R$ 419,03. Se o licenciamento já estiver quitado, a taxa é de R$ 263,80
  • Com o término de todas as etapas, após quatro dias, é feita a expedição digital do documento do veículo modificado

Fonte: Detran-SP

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