A série de reportagens Quilombos do Brasil, publicada pela Folha em parceria com a Fundação Ford, mostra desde março a realidade de comunidades quilombolas pelo país e seus principais desafios, como a luta pela titulação da terra e a busca por acesso a políticas públicas.
A reportagem já visitou 18 quilombos em sete estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas e Santa Catarina. Encontrou personagens marcantes, como Terezinha Silva de Souza, 87, que luta contra o apagamento de quilombolas do Sul, mostrou o cotidiano em quilombos urbanos, e destacou expressões culturais, como tambor de crioula.
Quilombos do Brasil também mostrou problemas de saúde vividos por comunidades e contou histórias, como a da tradicional comunidade da Pedra do Sal, reduto do samba que luta pelo título da área quilombola.
Entre os locais visitados está o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, Serra da Barriga. A região abrigou o mais emblemático quilombo do país.
Surgidos no período colonial, os quilombos são um símbolo de resistência da população negra contra os horrores da escravidão.
As comunidades emergiram com a fuga de pessoas escravizadas. Os primeiros registros de quilombos remontam à década de 1570. Mesmo após a abolição, no fim do século 19, descendentes dos quilombolas deram sequência à formação dos agrupamentos em diferentes partes do país.
Hoje, calcula-se que existam ao menos 6.000 comunidades quilombolas, em 25 estados. A maioria delas, porém, ainda não tem seu direito garantido à terra, como defende o artigo 68 da Constituição.
Apenas 5% das comunidades quilombolas brasileiras possuem o título de propriedade das áreas que ocupam. Diante desse cenário, há constantes casos de especulação imobiliária, além de ameaças e tentativas de despejo, segundo lideranças.
Boa parte dos territórios quilombolas possui papel ambiental importante nessa equação, justamente porque muitos deles estão em áreas com florestas, rios e mananciais —inclusive na Amazônia— e também pela maneira como os próprios quilombolas se relacionam com a natureza.
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