Descrição de chapéu Obituário Manoel Vieira Filho (1946 - 2023)

Mortes: De conversa fácil, foi pai e servidor público dedicado

Manoel Vieira Filho formou gerações de especialistas na proteção ao consumidor

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São Paulo

Trajando terno, gravata social e sapatos pretos, Manoel poderia aparentar ser uma pessoa inacessível ou de poucas palavras. Pelo contrário, era vocacionado para o serviço público e o atendimento a outras pessoas. Fossem cidadãos ou os muitos colegas de trabalho no Procon de São Paulo, onde trabalhou por três décadas.

"Manoel era uma pessoa muito dada, envolvia-se muito com as causas das pessoas. Ele se dispunha a conversar por horas", diz a mulher, Rita de Cássia Vieira, 53, também servidora pública.

Nascido em 1946, Manoel saiu de Alagoas no fim da infância rumo a São Paulo, para estudar no Instituto de Cegos Padre Chico, no Ipiranga, zona sul da capital, e completar os estudos como bolsista no Colégio São Luís.

foto antiga, manoel usa óculos escuros, terno escuro, está sentado em um sofá, tem os cabelos pretos penteados de lado
Manoel Vieira Filho (1946-2023) - Arquivo pessoal

"Aos 12 anos ele teve glaucoma", diz Cássia. Ela afirma que Manoel precisou insistir para completar os estudos. "Houve uma certa resistência no São Luís porque ele já começou tarde, com mais de 20 anos. Era difícil estudar na época."

Manoel formou-se em direito na Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco. Ao longo do tempo, foi se apaixonando pelo centro da cidade e pela ampla oferta de arte, música e cultura, além das celebrações de missas na Catedral da Sé e na capela do Pateo do Collegio.

" Era tudo que ele dizia deixá-lo em estado de graça", diz a amiga Márcia Peçanha Gonçalves, 66, servidora do órgão, que manteve a amizade mesmo com a aposentadoria de Manoel. "A maioria dos especialistas em proteção e defesa do consumidor diz com orgulho ter sido formada por ele."

Cássia afirma que Manoel sempre se interessou por notícias de política e do mundo. Apesar de não ter seguido o sonho da carreira política, conheceu a companheira na casa do povo.

"Eu fui resolver um assunto na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) e encontrei com ele no gabinete do então deputado Oswaldo Bettio [morto em 2015]."

Daí foram três décadas juntos. Preocupado com o bem-estar da família, garantiu que o filho, Aristócrates Vieira, 21, também ingressasse no ensino superior. "Ele se preocupou com a gente até nos momentos mais difíceis dele", diz o estudante de tecnologia da informação.

A saúde de Manoel se complicou com um AVC (acidente vascular cerebral) no começo de sua aposentadoria, em 2016. No dia de seu 77º aniversário, 31 de maio, ele foi internado para tratar uma infecção urinária. Precisou voltar ao hospital com febre, e morreu em 19 de julho devido a uma infecção generalizada. Deixa a mulher e o filho.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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