Descrição de chapéu Obituário José Vicente Pires Alves (1956 - 2023)

Mortes: Tio de uma cidade inteira, voltou a ela para ser feliz

José Vicente Pires Alves sabia espalhar sorrisos nas pessoas ao seu redor

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São Paulo

José Vicente nasceu no ano de 1956 em Ibiassucê, cidadezinha de 10 mil habitantes no sudoeste baiano. Os pais, Adélia e Vicente, tiveram, em seus casamentos anteriores, quatro filhos cada um, sendo Vicentinho o mais novo dos nove.

Com a profusão de sobrinhos, muitos mais velhos do que ele próprio, Vicente, ou Ti Vi (ou Tio Vi, como era conhecido até por quem não era parente), em algum momento desistiu de contá-los —mesmo ele, que era bom de aritmética e que foi bancário por muitos anos, não sabia enumerar todos os sobrinhos, sobrinhos-netos, e sobrinhos-bisnetos, apesar de saber exatamente quem era filho de quem.

Fez a vida em São Paulo, onde também casou, teve os três filhos e depois se separou no começo dos anos 2000, época em que morava em Santos, cidade do time pelo qual era apaixonado, mas que infelizmente não vinha dando tantas alegrias como outrora. Por sorte, em sua derradeira ida à Vila Belmiro, em fevereiro deste ano, foi agraciado com um 4 a 0, em cima da Portuguesa.

José Vicente Pires Alves (1956 - 2023)
José Vicente Pires Alves (1956 - 2023) - Arquivo pessoal

Mas para Ti Vi não havia paixão maior do que Ibiassucê, cidade para a qual retornou e onde viveu feliz até o fim. Por um breve período, foi secretário municipal de Educação, Cultura Esportes e Lazer, mas a política não lhe apeteceu, e rapidamente migrou para uma vida menos enroscada.

Caminhava meia dúzia de quilômetros todos os dias, participava do grupo da ginástica (composto essencialmente de jovens senhoras), cuidava de suas galinhas, rezava o terço dos homens e tomava uma cervejinha vez ou outra, sem exagerar.

Não reclamava de nada. O que mais o aborrecia era a sensação de estar incomodando. Foi discreto a vida toda, mas ainda assim sabia espalhar sorrisos nas dezenas de pessoas que via diariamente em suas andanças.

Sabia o time de futebol de todo mundo, gostava de inventar apelidos, adorava uma festa e também namorava. Vaidoso, sempre tinha uma escovinha de cabelo de fácil acesso, roupa descolada e perfume em dia. Tio, sim; tiozão, jamais.

Vicente morreu no último dia 15 de agosto, aos 67 anos, após o agravamento de uma condição cardíaca, enquanto aguardava cirurgia. As homenagens fúnebres pararam a cidade de Ibiassucê, que decretou luto oficial no dia 16. Deixa dois irmãos, Maria (Bia) e Felipe, os filhos, Gabriel, Marcos e Lucas, os netos, Joaquim, Eduardo e Antonio, e uma multidão de amigos e sobrinhos —de sangue e do coração.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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