Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Abandonado, Mercadinho São José será transformado em polo gastronômico

Prefeitura do Rio anunciou concessão do espaço, em Laranjeiras, após comprar imóvel do INSS

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Rio de Janeiro

Fechado desde 2018, o Mercadinho São José das Artes, imóvel no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, será reaberto. No último dia 22, a prefeitura anunciou a concessão do espaço para um grupo de empreendedores de gastronomia.

O Mercadinho São José era considerado, na década de 1990, um dos centros de cultura e gastronomia da capital. A ideia é reabrir o espaço, no segundo semestre de 2024, como um polo de eventos de comida e bebida.

Mercadinho São José, na rua das Laranjeiras, no Rio. Imóvel que pertencia ao INSS está fechado desde 2018 - Beth Santos/Prefeitura do Rio

O imóvel, que já foi uma senzala e o celeiro de uma fazenda da região, foi inaugurado como mercado em maio de 1944. O então presidente Getúlio Vargas transformou o lugar em mercado de hortifrutigranjeiros durante a Segunda Guerra Mundial.

Já a fazenda, anos depois, virou o parque Guinle.

Após uma primeira fase de abandono, o mercadinho foi revitalizado em 1988, quando lojistas e artistas, em parceria com os moradores da região, passaram a usar o espaço como polo cultural e gastronômico, com feiras de artesanatos, exposições e pequenos shows. Em 1994, o imóvel foi tombado pela prefeitura e declarado patrimônio da cidade.

A segunda crise no Mercadinho São José chegou a partir da década de 2010, quando o número de visitantes despencou. Em 2018, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), então proprietário do imóvel, conseguiu retomá-lo judicialmente na Justiça Federal, apesar dos protestos de lojistas.

Fechado desde então, o mercado chegou a ser ocupado por pessoas em situações de rua.

Projeto de reforma do Mercadinho São José, em Laranjeiras, no Rio, contempla recuperação da fachada. Prazo de conclusão das obras é 2024 - Divulgação/Prefeitura do Rio

Em março, o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o ministro Carlos Lupi (Previdência Social) assinaram a transferência do prédio à prefeitura por R$ 3 milhões. À época, Lupi afirmou que "não adianta o governo federal ter um monte de imóvel sem utilidade e ficar esperando ser invadido".

A CCPar (Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos), que lidera projetos de concessão do município, abriu chamamento público que durou 60 dias.

O consórcio vencedor foi o das empresas Junta Local e Engeprat, estruturado pela Konek Transformação Imobiliária —esta última também está à frente da restruturação do edifício A Noite, na praça Mauá. O grupo irá gerir o mercado e um terreno ao lado pelos próximos 25 anos. A outorga é de R$ 5.000 por mês, além de repasse de 10% do faturamento com patrocínio e eventos.

A concessionária prevê investimento de R$ 8,5 milhões para reformar o mercado.

O processo de compra e repasse do mercado foi semelhante ao do edifício A Noite, primeiro arranha-céu da América Latina, na praça Mauá, que pertencia à União. Em julho, Paes (PSD) vendeu o edifício para uma empresa paulista que irá transformar a antiga sede da rádio Nacional em residencial.

"Compramos, sim, para agilizar e desburocratizar, como no edifício A Noite, e entendemos que o melhor caminho era concessão. No caso do mercadinho, queríamos que mantivesse a cultura gastronômica e cultural. Fazer uma venda simples do imóvel não garante a manutenção da atividade-fim. Fazendo uma concessão, conseguimos definir as regras", afirmou Gustavo Guerrante, presidente da CCPAR.

Ele afirma que a prefeitura terá ganhos com a negociação.

"Fizemos a aquisição do imóvel de aproximadamente R$ 3 milhões e receberemos uma remuneração superior a isso ao longo do período de concessão. E vamos receber o imóvel 100% restaurado. O investimento do restauro desonera do poder público a reforma."

A responsável pelas novas atrações do Mercadinho São José é a Junta Local, grupo associativo que reúne empreendedores de gastronomia do Rio de Janeiro.

A Junta Local realiza, todas as semanas, feiras abertas e itinerantes em espaços da cidade, como nos jardins do Palácio do Catete e no pátio do MAM (Museu de Arte Moderna). A ideia, de acordo com Thiago Nasser, CEO da Junta Local, é transportar o ambiente da feira para dentro do mercado, priorizando o pequeno produtor e os produtos orgânicos.

A diferença, porém, é que no espaço fechado haverá expositores fixos e empreendedores convidados.
"São só dez boxes e um espaço para gastronomia. É um mercado pequeno. A ideia do projeto é conjugar uma ocupação permanente: teremos boxes fixos com restaurantes, padaria, café, cervejaria, mas também com espaço para atrações temporárias, como um chef convidado", afirmou Nasser.

"É uma responsabilidade enorme com a cidade e com o bairro de Laranjeiras. Temos uma visão de fomentar a produção local, desde o agricultor familiar até o empreendedor gastronômico, passando por chefs renomados. Temos uma visão de que toda a cidade precisa ter espaços de conexão direta com o produtor", completa.

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