Advogado é preso após admitir ter matado capivaras no interior de SP

OUTRO LADO: nas redes sociais, ele afirmou que atirou por causa da quantidade de carrapatos nos animais; defesa diz não ter tido acesso ao inquérito

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Ribeirão Preto

O advogado Luciano Ferreira de Oliveira, 48, foi preso nesta terça-feira (5) após, segundo a polícia, admitir ter matado a tiros três capivaras em um parque público em Bebedouro (a 381 km São Paulo). Ele foi solto nesta quarta (6) e está em liberdade condicional, hospitalizado.

Oliveira alegou que atirou nas capivaras em razão da quantidade de carrapato que elas tinham e também para afugentá-las do parque.

Jorge Bonadio, que defende Oliveira, informou que ainda não teve acesso à íntegra do inquérito para comentar o caso. O cliente, diz, "apresentou crise de ansiedade e, também, por ser portador de diabetes tipo 2, encontra-se hospitalizado em uma clínica de saúde".

retrato de homem branco de terno e gravata
Advogado Luciano de Oliveira, que foi preso após, segundo a polícia, admitir ter matado capivaras em Bebedouro (SP) - Prefeitura de Bebedouro no Facebook

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Estado informou que o caso está sendo conduzido pela Polícia Civil de Bebedouro, que "segue em investigação visando o esclarecimento da morte das capivaras".

Os animais foram encontrados mortos com ferimentos de disparo de arma de fogo na noite do dia 23 de agosto, nas proximidades de um lago artificial da cidade.

Após o registro do boletim de ocorrência, o advogado foi apontado como suspeito pelos investigadores e seu imóvel foi vistoriado na tarde de terça-feira após mandado de busca e apreensão.

No local, segundo a secretaria, foram "encontrados e apreendidos uma carabina de calibre 22, equipada com supressor de ruído e uma pistola, ambas registradas em nome do próprio advogado". Oliveira foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, tendo sido liberado em condicional após audiência de custódia.

Oliveira vai responder em liberdade, mas não pode deixar a cidade nem sair de casa entre as 22h e as 6h. Não pode também frequentar locais onde haja consumo de bebidas alcoólicas ou faltar ao comparecimento mensal em juízo até a sentença ser proferida no processo criminal.

O advogado acusado teve ainda seu porte de arma suspenso, bem como o registro de caçador (CR) e de CAC (colecionador e atirador esportivo) —os armamentos dele foram apreendidos pela polícia de Bebedouro. Ele teve de pagar uma fiança equivalente a dez salários mínimos.

O Controle de Zoonoses de Bebedouro, apesar de não integrar a investigação, foi convidado pela polícia a esclarecer e orientar a respeito das alegações de Oliveira, feitas nas redes sociais: "A minha decisão não foi a melhor possível, mas eu penso que temos que encontrar uma solução. Elas [capivaras] não podem ficar a 50 metros de onde crianças estão brincando e que hoje é um dos pontos turísticos mais bonitos da cidade".

A veterinária do órgão Beatriz Freitas diz que as justificativas do advogado não fazem sentido, pois, além da área do lago artificial ser cercada, impedindo a fuga das capivaras para os espaços com pessoas, há diversos outros amplificadores e hospedeiros desses carrapatos, como cavalos, bovinos e até mesmo cães.

A cidade também não teve ainda nenhum caso de febre maculosa ou amostra de carrapato infectado pela bactéria causadora da doença.

Não há um censo de quantas capivaras residem no espaço, mas o órgão municipal afirma que há manejo da população.

"Não há uma infestação absurda de carrapatos no local visto que nossa equipe está fazendo todo um trabalho de prevenção há muito tempo. Fazemos controle químico no local em toda a região de mata, inclusive onde as pessoas têm acesso", afirma Freitas.

Os carrapatos, quando existentes, também são coletados periodicamente com ajuda de gelo seco, que atrai os parasitas e permite a captura.

O que é a febre maculosa

A transmissão de febre maculosa ocorre pela picada do carrapato estrela. A recomendação ao frequentar parques e espaços de mata é vistoriar o corpo a cada 2 horas, usar roupas compridas e claras, que facilitam a visualização imediata.

O carrapato precisa de quatro horas de fixação na pele para começar a transmitir a bactéria que está nele. Como a transmissão é pela saliva, deve-se evitar espremer o carrapato na hora da remoção - o ideal é retirar com uma pinça.

O período de incubação da doença é de 14 dias. Se a pessoa souber que foi picada ou esteve em locais de mata quando surgirem sintomas, deve procurar imediatamente um hospital e informar a situação.

Os sintomas iniciais, antes da fase mais grave e hemorrágica, são febre, dor de cabeça, manchas avermelhadas pelo corpo, principalmente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.

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