Descrição de chapéu violência

Policial da PRF admite ter atirado contra carro da família de menina baleada no Rio

Em depoimento, agente disse que pensou ter ouvidos tiros e, por isso, fez os disparos; criança está intubada e em estado grave

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Rio de Janeiro

Um policial rodoviário federal admitiu em depoimento à Polícia Civil ter atirado contra o carro da família da menina Heloisa dos Santos Silva, 3, em ação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) no Arco Metropolitano, região da Baixada Fluminense. Os disparos atingiram a criança na nuca e no ombro e seu estado de saúde é grave.

O agente, identificado como Fabiano Menacho Ferreira, foi ouvido na delegacia de Seropédica na manhã de sexta-feira (8), antes de o caso ser transferido para a Polícia Federal. O policial disse que pensou ter ouvido disparos e, por isso, atirou contra o carro da família.

Carro em que estava Heloisa. O veículo é um pegeot preto e tem marcas de tiros no vidro
Veículo da família de Heloisa foi atingido por ao menos três disparos efetuados por agente da PRF - Reprodução/ONG Rio de Paz

A informação foi publicada pelo portal G1 e confirmada pela Folha. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do policial. Ele e outros dois agentes foram afastados de suas funções. A arma usada por Ferreira foi apreendida.

Heloisa foi levada ao Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde passou por cirurgia e está intubada e em estado grave, mas estável, segundo a Secretaria de Saúde do município.

No depoimento, o agente disse ter seguido a família ao notar que o carro em que estavam, um Peugeot 207, era roubado. A informação foi consultada através da placa do veículo. O pai de Heloisa, William Silva, afirmou ter comprado o carro recentemente e desconhecia que ele estava em situação irregular.

O veículo foi atingido por ao menos três tiros disparados pelo agente.

Neste sábado, a família de Heloisa recebeu a visita das comissões de Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal e da OAB-RJ, além de procuradores do Ministério Público Federal.

Segundo Rodrigo Mondego, procurador da OAB, o relato do agente feito à Polícia Civil mostra a linha de defesa que será usada para resguardar os policiais de suas responsabilidades.

"O fato é o de sempre: eles se sentem à vontade para executar suspeitos de crimes. E, por acharem que havia suspeitos no carro, eles atiraram para matar. Agora uma menina de três anos está com pelo menos três fragmentos de fuzil em seu corpinho", disse.

Na sexta-feira, o pai de Heloisa, William Silva, disse em entrevista a TV Globo que os agentes da PRF atiraram contra o carro da família após eles terem passado pela viatura da polícia.

"A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos", disse Silva.

O Ministério Público Federal instaurou um inquérito para apurar o caso. O documento, assinado pelo procurador da República Eduardo Santos de Oliveira Benones, determina que a Polícia Rodoviária Federal identifique à Procuradoria o autor do disparo e os demais agentes que participaram da ação. O órgão pede ainda acesso ao procedimento instaurado pela Corregedoria da PRF.

Em nota, a Polícia Federal disse que recebeu a ocorrência da delegacia de Seropédica e que abriu um inquérito para investigar o caso. As investigações ficaram a cargo da delegacia da PF em Nova Iguaçu, por ser mais próximo do local em que a menina foi baleada.

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