Descrição de chapéu violência

Sargento da PM é morto a tiros enquanto varria a porta de casa em São Vicente (SP)

Órgãos de inteligência da polícia indicam ação coordenada pelo crime organizado, em represália à Operação Escudo

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São Paulo

Um sargento aposentado da Polícia Militar de SP foi morto a tiros na tarde desta sexta-feira (8) após ser atacado por criminosos enquanto varria a rua em frente de casa, em São Vicente, na Baixada Santista. O assassinato do PM ocorre quatro dias após o fim da Operação Escudo que deixou 28 mortos.

Segundo a Folha apurou, serviços de inteligência do governo paulista trabalham com a possibilidade de o ataque ter sido uma represália do crime organizado em resposta às mortes provocadas pela Operação Escudo desencadeada pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Mensagens interceptadas indicavam que criminosos prometiam uma resposta após o encerramento do reforço, mas surpreendeu a rapidez com que ela foi dada. PMs ouvidos também acreditam em nova operação letal da polícia, já que a imagem do secretário Guilherme Derrite (Segurança) ficaria arranhada.

Criminoso aponta arma para PM aposentado
Policial militar aposentado é morto por criminosos em São Vicente, na Baixada Santista, onde PM de SP fez Operação Escudo - Reprodução

Nas redes sociais, o secretário publicou mensagem falando da morte de Lima e também de um policial do Baep (operações especiais) que foi baleado em Santos, também na Baixada Santista, durante confronto e estava em atendimento no pronto-socorro. "Vamos atrás dos responsáveis por esses ataques a policiais", escreveu o secretário.

Imagens de câmeras segurança mostram que o sargento Gerson Antunes Lima, 55, varria a rua em frente de casa, no bairro Cidade Náutica, quando surgiriam duas motos, ocupadas por quatro suspeitos. Quando o primeiro veículo se aproxima do policial, o garupa salta com a arma em punho e atira sem dar chances para Lima, que cai ao chão.

Com a vítima na calçada, o criminoso realiza mais disparos. Um dos comparsas também desce da outra moto para acompanhar de perto o sargento aposentado ser baleado. Toda a ação dura apenas 12 segundos.

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o sargento chegou a ser socorrido ao Pronto-Socorro Vicentino, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda segundo a pasta, Lima havia se aposentado em 2019. Este é o oitavo policial militar morto na Baixada Santista desde janeiro deste ano, o sétimo inativo.

"Além disso, outros 12 policiais já foram feridos neste ano na região, oito deles em serviço, três em folga e um inativo", afirmou nota da Segurança Pública.

Poucas horas depois, às 18h30, um soldado do Baep foi baleado durante patrulhamento no bairro Castelo, em Santos. Segundo a SSP, um homem de bicicleta atirou contra a viatura em que estavam os policiais quando passavam próximo a uma favela na região.

O soldado foi atingido no ombro. Ainda segundo a pasta, três outras pessoas que estavam nas imediações também ficaram feridas pelos disparos. Todas foram socorridas, mas uma mulher de 22 anos morreu.

A polícia realizou diligências na região e encontrou drogas e uma arma de fogo.

"O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio, tráfico de entorpecentes e lesão corporal na Central de Polícia Judiciário de Santos. Todas as circunstâncias do caso são investigadas pela Polícia Civil. O soldado baleado foi internado e permanece em observação", finaliza a nota.

Operação Escudo deixou 28 mortos

A Operação Escudo na Baixada Santista teve início em 28 de julho deste ano, um dia após a morte do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). O PM foi baleado durante patrulhamento na Vila Zilda, em Guarujá.

Desde o primeiro final de semana operação, moradores passaram a denunciar a morte de pessoas inocentes, invasões de residências por policiais mascarados e até casos de tortura. Entre casos relatados, havia mortos com sinais de queimadura por cigarro e unhas arrancadas com alicate.

Na última quinta (7), durante anúncio do fim da Escudo, Derrite afirmou que nenhum laudo apontou tortura e, sobre os casos em específico, disse não ter sido encontrado indícios de queimaduras por cigarro ou de unhas arrancadas.

"A imprensa não é órgão responsável por acolher denúncia formal. Eu me baseio nos órgãos que recebem a denúncia no papel, formal. Então, fui atrás das minhas corregedorias, da Polícia Civil e da Polícia Militar. Ouvidoria tem um papel de ouvir e repassar para as corregedorias", disse o secretário.

Segundo a gestão Tarcísio, a operação resultou na prisão de 958 pessoas —sendo 382 delas procuradas— e na apreensão de 117 armas e cerca de uma tonelada de drogas. "Se não existisse crime organizado no estado, não teríamos realizado a prisão de quase mil criminosos", afirmou Derrite.

A partir da última quarta (6), as unidades do Baep pertencentes a outras regiões do estado, que reforçavam o efetivo da Operação Escudo no litoral, voltaram às cidades de origem. A maioria desses batalhões fica no interior paulista.

O governo diz que a Escudo dará lugar à Operação Impacto, com a presença de batalhões do Choque e policiais do Dejem —uma espécie de Operação Delegada, cujos policiais recebem salário extra para trabalhar em período de folga. A Impacto deve ser mantida até o início da Operação Verão.

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