Funcionários de Metrô, CPTM e Sabesp confirmam greve nesta terça (3) contra privatizações em SP

Justiça ordena efetivo total nos horários de pico, e rodízio de veículos será suspenso; OUTRO LADO: gestão Tarcísio diz que paralisação é 'ilegal e abusiva'

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Funcionários do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) confirmaram a greve marcada para esta terça-feira (3). Uma assembleia unificada de trabalhadores das três companhias estaduais decidiu pela paralisação —a votação foi unânime.

A greve começa à meia-noite, horário em que sindicalistas prometem dar início a piquetes em estações de trem e do metrô.

Os trabalhadores protestam contra os planos de privatizações nas três empresas anunciados pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em uma carta publicada em redes sociais, os sindicatos pedem o cancelamento de todos os processos de concessão no Metrô, na CPTM, na Sabesp e na Estrada de Ferro de Campos do Jordão.

Eles também pedem a realização de um plebiscito oficial sobre a privatização dos serviços (as categorias já fazem uma consulta independente).

Passageiros na estação Itaquera, na catraca que dá acesso aos trens da CPTM - Rubens Cavallari - 24.mar.2023/Folhapress

A presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Ribeiro Duarte Lisboa, comandou a assembleia e citou várias vezes as concessões já realizadas no metrô e nos trens de São Paulo e de outros estados para dizer que elas podem dar prejuízo ao governo.

A assembleia foi realizada sob gritos de "não à privatização" e de palavras de ordem contra Tarcísio. "Essa votação foi apenas simbólica, porque a greve já estava aprovada", afirmou Lisboa.

Os discursos repetiram várias vezes que a greve unificada vai parar São Paulo.

O que vai parar?

A previsão é que as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata do Metrô fiquem paralisadas. Na rede ferroviária, o sindicato dos funcionários da CPTM prevê uma paralisação de todas as linhas administradas pelo serviço público.

As linhas 4-amarela e 5-liás de metrô, assim como as linhas 8-diamante e 9-esmeralda, devem seguir operando na terça-feira —as quatro são administradas por empresas concessionárias do grupo CCR.

Decisões na Justiça do Trabalho determinaram, na semana passada, que tanto o Metrô quanto a CPTM funcionem com capacidade total nos horários de pico. Nos demais horários, os funcionários devem garantir 80% do efetivo de funcionários.

Os funcionários pediram na Justiça o direito de substituir a paralisação por um protesto com catracas livres, uma reivindicação histórica da categoria. O TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) recusou essa possibilidade. A juíza Raquel Gabbai de Oliveira, que julgou a ação sobre a greve na CPTM, aceitou o argumento da companhia de que liberar as catracas poderia provocar tumulto e risco de acidentes.

A prefeitura suspendeu o rodízio de veículos na cidade de São Paulo, nesta terça. Nas escolas estaduais da capital e na região metropolitana, as aulas foram suspensas, mas as atividades seguem mantidas na rede municipal paulistana. O governo paulista anunciou que serviços públicos estaduais de saúde terão ponto facultativo.

Governo diz que greve é ilegal e abusiva

O governo paulista Tarcísio fez uma série de críticas à greve convocada para esta terça-feira (3) por sindicatos de trabalhadores do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp.

Em nota divulgada no fim da tarde desta segunda, a gestão Tarcísio classificou a paralisação como "ilegal e abusiva" e que "torna refém a população que precisa do transporte público", diz o texto. Em outro trecho, afirma que é "absolutamente injustificável" que o direito constitucional de greve "seja sequestrado por sindicatos para ataques políticos e ideológicos à atual gestão".

Trabalhadores pedem plebiscito

Esta será a segunda greve no Metrô em 2023. A última ocorreu em março, quando metroviários fizeram uma paralisação de dois dias. Na ocasião, eles pediam reajustes salariais e melhoria das condições de trabalho.

Os sindicatos argumentam que as concessões de linhas de transporte e da operação da rede de água e esgoto vão piorar a qualidade dos serviços. Eles usam como exemplo o grande aumento das falhas nas linhas 8-diamante e 9-esmeralda, administradas pela ViaMobilidade.

O governador encomendou estudos para privatizar todas as linhas remanescentes da CPTM e tem a intenção de fazer o mesmo com as linhas do Metrô administradas diretamente pela empresa pública. A gestão Tarcísio também está preparando o projeto de lei que autorizaria o repasse da Sabesp à iniciativa privada.

Trabalhadores das três categorias atualmente realizam um plebiscito independente para que a população demonstre se é a favor ou contra privatização dos serviços de transporte e de saneamento. A consulta teve início no dia 5 de setembro e deve durar até 4 de novembro, com urnas nas estações do sistema metroferroviário, escolas, sedes de movimentos sociais e algumas igrejas, entre outros locais.

Além disso, dizem que a eleição de Tarcísio no ano passado não significa uma aprovação automática das privatizações, e que a população deveria se pronunciar especificamente sobre os projetos. Os sindicatos dizem que o governo estadual não responde às tentativas de diálogo dos funcionários.


O QUE A GREVE VAI AFETAR

Confira abaixo como a greve deve afetar os principais serviços na capital paulista.

METRÔ

A previsão é que a operação das linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha e 15-prata sejam afetadas. Uma decisão da Justiça do Trabalho determinou, porém, que os funcionários mantenham operação total das linhas nos horários de pico.

No caso do Metrô, os horários de pico estabelecidos na decisão vai das 6h às 9h e, depois, das 16h às 19h. Nos demais horários do dia, o sindicato terá que manter 80% do efetivo de trabalhadores. O sindicato dos metroviários está recorrendo da determinação.

As linhas 4-amarela e 5-lilás de metrô devem manter a operação regular.

TREM

O sindicato dos ferroviários prevê que greve afete as linhas 7-rubi, 10-turquesa, 11-coral, 12-safira e 13-jade da CPTM. A Justiça do Trabalho determinou que os funcionários mantenham operação total em duas faixas de horário: das 4h às 10h e também das 16h às 21h.

As linhas 8-diamante e a 9-esmeralda, administradas pela ViaMobilidade, devem ter operação normal.

ÔNIBUS

A capital terá uma operação especial no transporte de ônibus, com 100% da frota nas ruas durante todo o dia, segundo a prefeitura. Ou seja, não haverá diferença na quantidade de ônibus nas ruas entre o pico de trânsito e o restante do dia.

"O objetivo da medida é amenizar os transtornos causados à população, considerando que um ônibus de grande porte tem capacidade para transportar 170 passageiros, enquanto um trem transporta mais 1.000 pessoas a cada viagem", disse a prefeitura, em nota.

RODÍZIO DE CARROS

A Prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio municipal de veículos, durante todo o dia. Continuam valendo normalmente o rodízio para caminhões e as outras restrições, como a Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões e a Zona de Máxima Restrição ao Fretamento, além da proibição para carros nas faixas e corredores de ônibus.

Segundo a prefeitura, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) "manterá monitoramento constante nas ruas e avenidas da cidade, visando manter as condições de fluidez das vias".

SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO

Com funcionários da Sabesp indicando greve, a Justiça do Trabalho determinou que funcionários mantenham 85% dos trabalhadores nos setores que prestam serviços essenciais de saneamento básico, tratamento, abastecimento de água e esgoto.

Antes disso, o sindicato da companhia já havia anunciado que não haveria corte no fornecimento de água e que emergências —como problemas de abastecimento em hospitais, por exemplo— serão atendidos. Casos de falta d'água ou problemas na rede de esgoto podem ter demora acima do normalpara o atendimento devido ao número reduzido de funcionários.

ESCOLAS

As aulas serão suspensas nas escolas estaduais da capital e da região metropolitana. Provas serão remarcadas, inclusive nas escolas que estão aplicando a repescagem da Prova Paulista, a avaliação bimestral aplicada em toda a rede. A secretaria também organizará a reposição de aulas, em data a ser divulgada em breve.

Na rede municipal, a prefeitura afirmou que o funcionamento de escolas e creches será mantido.

Na rede particular, cada escola deve definir como vai tratar casos de faltas ou atrasos devido à greve. O sindicato das escolas particulares não tem

POUPATEMPO

Serviços que tenham atendimentos agendados para esta terça (3) devem ter a remarcação garantida no Poupatempo, assim como em outros órgãos do governo estadual e municipal devido ao ponto facultativo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.