A bala que matou o soldado da Rota (tropa de elite da PM) Patrick Bastos Reis, 30, não partiu da pistola calibre 9 mm que foi apresentada pelas autoridades como possível arma usada no crime. A conclusão faz parte de um laudo produzido pelo Núcleo de Balística da Polícia Científica.
Entre as diferenças identificadas pelo exame estão: profundidade, largura e distância entre as impressões de raias.
"Verificou-se discordâncias entre os projéteis (testemunha e incriminados), nos elementos de ordem genérica (profundidade, largura e distância entre as impressões de raias) e, sobretudo, nos elementos de natureza específica (estriamentos finos), que como se sabe, são individualizadores em exames microcomparativos", diz trecho do laudo.
O documento foi disponibilizado para os investigadores nesta quarta-feira (18). A conclusão do laudo foi revelada pelo colunista Josmar Jozino, do UOL, e confirmada pela Folha.
Reis foi morto com um tiro na noite de 27 de agosto, em Guarujá, na Baixada Santista. Quatro dias depois, a pistola 9 mm foi encontrada encontrada em um beco na Vila Júlia, próximo à praia da Enseada.
Na ocasião, a polícia disse ter indícios de que trata-se da mesma arma usada no crime por causa da coincidência dos calibres e das circunstâncias na qual ela foi abandonada. Os investigadores encontraram a pistola em um vão entre dois barracos de madeira.
Uma denuncia anônima descreveu o local onde a arma seria encontrada. Ninguém foi preso durante a ida da polícia ao local.
A pistola foi encontrada embrulhada em sacos plásticos, descarregada, jogada no chão. A denúncia anônima não informou quem teria jogado a arma no beco.
O assassinato de Reis desencadeou a Operação Escudo, que resultou em 28 pessoas mortas pelas forças policiais no litoral paulista em 40 dias. A ação foi a mais letal da Polícia Militar paulista desde o massacre do Carandiru, em 1992.
Moradores das comunidades alvos da operação relataram diversos casos de abusos e torturas cometidos pelos policiais. O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) negou as irregularidades, e disse que todas as denúncias seriam investigadas.
Três homens foram presos por suspeita de participação na morte do soldado.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública não se pronunciou sobre a conclusão do laudo. .
O CRIME
Segundo o boletim de ocorrência, durante um patrulhamento de rotina, o soldado Reis e o cabo Marin escutaram diversos estampidos característicos de arma de fogo. Eles, então, aceleraram a viatura em que estavam para deixar o local.
Logo depois, informaram que haviam sido baleados. Reis foi atingido na axila, e Marin, na mão esquerda.
Os dois policiais foram socorridos, mas o soldado não resistiu e morreu.
Ainda de acordo com o registro policial, não foram encontradas marcas de tiros na viatura.
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