Descrição de chapéu violência

Laudo aponta que bala que matou PM da Rota não partiu de arma apreendida pela polícia

Pistola 9 mm foi achada quatro dias depois do crime, que deu início à Operação Escudo no litoral de SP

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São Paulo

A bala que matou o soldado da Rota (tropa de elite da PM) Patrick Bastos Reis, 30, não partiu da pistola calibre 9 mm que foi apresentada pelas autoridades como possível arma usada no crime. A conclusão faz parte de um laudo produzido pelo Núcleo de Balística da Polícia Científica.

Entre as diferenças identificadas pelo exame estão: profundidade, largura e distância entre as impressões de raias.

Suposta arma utilizada para matar o policial da Rota, no Guarujá, é apresentada pelo delegado Antonio Sucupira, da Delegacia de Polícia do Guarujá; perícia nega que ela tenha sido a origem do disparo
Suposta arma utilizada para matar o policial da Rota, em Guarujá, foi apresentada pelo delegado Antônio Sucupira, da Delegacia de Polícia de Guarujá; perícia nega que ela tenha sido a origem do disparo - Danilo Verpa - 31.jul.23/Folhapress

"Verificou-se discordâncias entre os projéteis (testemunha e incriminados), nos elementos de ordem genérica (profundidade, largura e distância entre as impressões de raias) e, sobretudo, nos elementos de natureza específica (estriamentos finos), que como se sabe, são individualizadores em exames microcomparativos", diz trecho do laudo.

O documento foi disponibilizado para os investigadores nesta quarta-feira (18). A conclusão do laudo foi revelada pelo colunista Josmar Jozino, do UOL, e confirmada pela Folha.

Reis foi morto com um tiro na noite de 27 de agosto, em Guarujá, na Baixada Santista. Quatro dias depois, a pistola 9 mm foi encontrada encontrada em um beco na Vila Júlia, próximo à praia da Enseada.

Na ocasião, a polícia disse ter indícios de que trata-se da mesma arma usada no crime por causa da coincidência dos calibres e das circunstâncias na qual ela foi abandonada. Os investigadores encontraram a pistola em um vão entre dois barracos de madeira.

Uma denuncia anônima descreveu o local onde a arma seria encontrada. Ninguém foi preso durante a ida da polícia ao local.

A pistola foi encontrada embrulhada em sacos plásticos, descarregada, jogada no chão. A denúncia anônima não informou quem teria jogado a arma no beco.

O assassinato de Reis desencadeou a Operação Escudo, que resultou em 28 pessoas mortas pelas forças policiais no litoral paulista em 40 dias. A ação foi a mais letal da Polícia Militar paulista desde o massacre do Carandiru, em 1992.

Moradores das comunidades alvos da operação relataram diversos casos de abusos e torturas cometidos pelos policiais. O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) negou as irregularidades, e disse que todas as denúncias seriam investigadas.

Três homens foram presos por suspeita de participação na morte do soldado.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública não se pronunciou sobre a conclusão do laudo. .

O CRIME

Segundo o boletim de ocorrência, durante um patrulhamento de rotina, o soldado Reis e o cabo Marin escutaram diversos estampidos característicos de arma de fogo. Eles, então, aceleraram a viatura em que estavam para deixar o local.

Logo depois, informaram que haviam sido baleados. Reis foi atingido na axila, e Marin, na mão esquerda.

Os dois policiais foram socorridos, mas o soldado não resistiu e morreu.

Ainda de acordo com o registro policial, não foram encontradas marcas de tiros na viatura.

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