Descrição de chapéu Obituário Luis Antonio Valentin (1958 - 2023)

Mortes: Pai, churrasqueiro e pescador, fez a vida na estrada

Luis Antonio Valentin foi vendedor e morou 30 anos em Mato Grosso do Sul

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São Paulo

Todas as segundas, por volta de 6h, Luis Antonio Valentin pegava o celular, escrevia uma mensagem e escolhia um a um os que receberiam seu bom dia. A um amigo, disse que era um jeito de não perder o laço.

Todas as tardes, atravessava o pequeno bosque de jabuticabeiras que separava as casas em que vivia e a da mãe, Vitalina. Sentavam-se na varanda, ouviam os sabiás, falavam do tempo. O sabiá andou sumido, disse Vitalina.

Valentin fez a vida na estrada, como vendedor. Trabalhando para uma companhia de cigarros, foi transferido de São José do Rio Pardo (SP) para Campo Grande, no recém-criado Mato Grosso do Sul, com a mulher, Cida, no início dos anos 1980.

Lá nasceram as filhas e os dois netos. Foi também onde aprimorou duas paixões e habilidades, o churrasco e a pescaria.

Homem branco, usa camiseta com listras e está sentado em uma cadeira de cordão
Luis Antonio Valentin (1958 - 2023) - Leitor

Apesar das viagens frequentes, esteve em formaturas e acidentes domésticos, nos primeiros shows, exposições agropecuárias e em um número incalculável de caronas para filhos, netos e agregados.

Era metódico, gostava de cadernos de anotação e de manter os cabelos, cada vez mais ralos, no lugar. Podia ser enérgico, quase bravo, mas era sempre solícito e não era dado a guardar mágoas. Vinha se tornando, segundo a esposa, um "ranzinza cabeça fresca".

Gostava de ver TV chupando laranjas —uma bacia, hábito controlado após o diagnóstico de diabetes— e de clássicos faroestes. Também mantinha sempre um estoque de castanhas de caju em local seguro: dentro do guarda-roupas.

Foi, com a esposa, o adulto responsável por acampamentos com dezenas de adolescentes na Colônia de Férias de Campo Grande —e garantiu que todos voltassem inteiros para casa. Era um jeito de permitir que as filhas vivessem aventuras com alguma vigilância.

Com os anos de estrada, tornou-se exímio conhecedor de atalhos rodoviários. Nos últimos anos, dedicou-se à chácara da família, da roça de mandioca e quiabo. Fazia mudas de limoeiros para os amigos.

Estava especialmente animado para a comemoração dos 90 anos da mãe. O clima era de "arrumar tudo para o Natal", disse a uma filha. Leiri, sua irmã, refez, ela própria, a pintura da casa em que vive com a mãe. A entrada da residência vizinha, onde viviam Valentin, Cida e a rottweiler Juma, foi reformada.

A festa seria no dia 10 de setembro, quando o neto mais novo, Pedro, 1, seria batizado.

No dia 9 de setembro, sentou-se em uma poltrona em frente à casa que construiu 40 anos antes para viver com esposa, mas para onde só voltaram em 2015. Ali, seu coração parou.

Teve um infarto aos 65 anos. Deixou Cida, as filhas Bruna, Anelise e essa que escreve, os netos Vitor e Pedro, a mãe, a irmã e uma família de amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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