Descrição de chapéu violência

'Vamos ser fortes para seguir o legado', diz mãe em enterro de médico na Bahia

Perseu Almeida, 33, foi assassinado em quiosque na Barra da Tijuca, no Rio; comércio de Ipiaú (BA), sua cidade natal, fechou por 30 minutos em homenagem

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Rober Mattos
Ipiaú (BA)

Centenas de pessoas se reuniram neste sábado (7), em Ipiaú, sul da Bahia, para dar o último adeus ao médico Perseu Ribeiro Almeida, 33, um dos ortopedistas mortos num quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O sepultamento ocorreu após um comovente trajeto de aproximadamente 20 minutos entre o cemitério e o local onde seu corpo estava sendo velado.

No cemitério, amigos e familiares do médico prestaram suas últimas homenagens. Em breves discursos, destacaram sua dedicação à medicina e o impacto positivo que ele deixou na vida de muitas pessoas.

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O corpo do ortopedista Perseu Almeida, 33, morto num quiosque da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é enterrado em cemitério de Ipiaú, sul da Bahia - Rober Mattos/Giro Ipiaú

A mãe de Perseu, Elieda Maria de Almeida Ribeiro, 55, emocionada, ressaltou o legado do filho e a perda irreparável que a família está enfrentando.

"Quanta gente aqui por conta dele, das atitudes dele, da simplicidade e do coração bom que ele tinha. Vamos ser fortes para seguir o legado", destacou Elieda.

O corpo chegou no aeroporto de Ipiaú às 16h15 da sexta-feira (6) em translado realizado por uma aeronave fretada pelo Governo da Bahia. No mesmo dia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) visitou a residência da família do médico na cidade e se solidarizou.

"É um momento de muita dor perder um ente querido dessa forma. Estamos aqui para demonstrar o nosso apoio à família e à comunidade de Ipiaú", disse o governador.

Foto mostra homem branco, de barba e óculos. Ele veste um jaleco branco e está com os braços cruzados
Médico baiano Perseu Ribeiro Almeida, 33 foi uma das vítimas de assassinato no Rio de Janeiro - Arquivo Pessoal

Perseu e mais dois colegas médicos foram mortos na madrugada da última quinta-feira (5) em um ataque a tiros ocorrido em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A polícia suspeita que os assassinos confundiram o ortopedista baiano com um miliciano da zona oeste carioca.

A comoção em torno do falecimento de Perseu foi sentida não apenas pelos entes queridos, mas também pela comunidade local. Como forma de homenagear o ipiauense, comerciantes fecharam as portas de suas lojas por 30 minutos na manhã deste sábado.

Natural de Ipiaú, cidade de 40 mil habitantes do sul da Bahia, Perseu Almeida escolheu a medicina como profissão seguindo os passos do pai, Luiz Andrade, ortopedista que morreu há cerca de dez anos em um acidente de carro.

Cursou medicina na faculdade UniFTC, em Salvador, e seguiu para São Paulo, onde se especializou em cirurgia de pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Desde o ano passado, se dividia entre as cidades de Ipiaú e Jequié, distantes cerca de 50 quilômetros uma da outra. Na sua cidade natal, atendia no Hospital geral de Ipiaú e comandava a Cliorti, clínica ortopédica que havia sido de seu pai.

Mas desde o ano passado fixou residência com a mulher e filhos (de 11 e 3 anos) em Jequié, cidade de 158 mil habitantes, onde passou a trabalhar no departamento de ortopedia do Hospital Geral Prado Valadares.

Costumava atender e operar pacientes vítimas de traumas, sobretudo acidentes de trânsito. Era tido por colegas como um profissional qualificado e dedicado.

"Perseu era extremamente amistoso, tranquilo, sem vaidades e dedicado à profissão. Sempre ajudou muito nossa equipe, assumiu com maestria casos bastante graves", afirma Rodrigo Viana, coordenador do setor de ortopedia do hospital Prado Valadares.

Ele afirma que a morte de Perseu, nas circunstâncias de violência em que ocorreu, deixou os colegas consternados: "Foi uma fatalidade extremamente agressiva. Nossa equipe está muito comovida, todo mundo muito emotivo. As lágrimas vêm aos olhos toda vez que falamos dele."

Nesta sexta-feira (6), as bandeiras foram hasteadas a meio mastro e uma faixa sinalizando luto foi dependurada na frente do hospital. Diretora do Prado Valadares, Ana Paula Camargo classificou a morte do médico como uma perda imensurável.

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