Descrição de chapéu chuva

Família fica 15 horas presa em casa após queda de árvore em temporal que atingiu SP

Fios de energia arrebentaram com o impacto e eletrificaram o portão de ferro na zona norte da capital; cachorro levou choque

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São Paulo

A cidade de São Paulo amanheceu mais uma vez contando os estragos com árvores caídas e falhas de energia, após a tempestade da noite desta quarta-feira (15). Mais de 12 horas após o temporal, havia áreas sem luz e famílias aguardando a manutenção.

A família do motorista Jonilton Cardoso Monteiro Costa, 36, ficou cerca de 15 horas presa dentro de casa por causa da queda de uma árvore sobre o telhado. Fios de energia arrebentaram com o impacto da árvore e eletrificaram o portão de ferro do sobrado na rua Jurumirim, na Vila Leonor, zona norte da capital.

Havia oito pessoas na casa, incluindo duas crianças de dois e seis anos. Os moradores perceberam o problema após o cachorro da casa levar alguns choques no portão. O motorista usou um detector de tensão elétrica para confirmar o problema.

Família dentro de casa na rua Jurumirim, na Vila Leonor, zona norte de São Paulo; moradores ficaram presos após queda de árvore durante o temporal da noite de quarta (15), e cachorro Jonny tomou choque no portão - Rubens Cavallari/Folhapress

Costa diz que ligou para o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e a Enel, concessionária do serviço de distribuição de energia, logo após as 19h30 de quinta, quando a árvore caiu.

A ajuda só chegou por volta das 8h30, após uma equipe de reportagem da TV Globo mostrar a situação da família. Eles ainda ficaram mais duas horas dentro de casa até que a equipe da Enel cidade a energia na rua para que eles pudessem sair de casa.

Costa diz que ouviu da Defesa Civil e dos bombeiros que a responsabilidade para retirar a árvore caída de cima do telhado e os fios de energia não era dessas corporações, e que só restava esperar técnicos da concessionária de energia.

"Tem 37 pedidos de retirada dessa árvore para a prefeitura, ela balançava muito, mas muito mesmo quando chovia. Ela está verde, a raiz estava podre", relata.

Além de danificar o telhado, a árvore também amassou o teto e o para-brisa do carro de Costa. O motorista teve de cancelar uma viagem com a família a São Sebastião, no litoral paulista, e vai deixar de faturar enquanto não conseguir trocar de carro, o que deve demorar ao menos uma semana.

Só com a semana de trabalho perdida, o prejuízo será de ao menos R$ 2.500. "Se eu sair com o para-brisa desse jeito, é multa na certa", diz.

Há estragos em várias regiões da cidade. Às 9h40 desta quinta, funcionários a serviço da prefeitura ainda trabalhavam na remoção de uma árvore na rua Frederico Abranches que caiu sobre um bar durante a ventania, por volta das 19h15 da véspera.

Um homem ficou ferido na cabeça com a queda da árvore e foi levado ao pronto-socorro. Parte do tronco caiu sobre mesas de madeira e derrubou a fiação de telefonia na praça Alfredo Paulino. Não houve queda de energia, segundo o dono do bar atingido pela árvore, pois a fiação elétrica é aterrada no local.

"Ainda bem que não estava com o toldo rebaixado, senão a árvore derrubaria o toldo e machucaria ainda mais gente", disse o proprietário do bar, Wedson Pereira, 60.

Equipes da prefeitura trabalham na remoção de árvore - Rubens Cavallari/Folhapress

Ele diz que já pediu uma avaliação da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente sobre a situação das árvores da praça, pois ninguém no entorno da praça tinha identificado o risco de queda da árvore.

Ao menos 80 mil endereços estavam sem energia elétrica na região metropolitana de São Paulo na manhã desta quinta, segundo o presidente da Enel no Brasil, Nicola Cotugno. Ao todo, quase 290 mil foram afetados desde a noite de quarta.

A Defesa Civil informou que as rajadas de vento ultrapassaram os 70 km/h em municípios da região metropolitana da capital, em Sorocaba, Campinas, Piracicaba e Ribeirão Preto.

Há menos de duas semanas, a Grande São Paulo já havia sido atingida por um temporal com ventos acima de 100 km/h que deixou imóveis sem energia durante sete dias. Na ocasião, um total de 2,1 domicílios chegaram a ficar no escuro.

Escolas na zona oeste ficaram sem energia

Duas escolas na Vila Leopoldina, na zona oeste, tiveram as atividades afetadas pela falta de luz nesta quinta. Na escola municipal Aníbal Freire, que tem aulas do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, apenas 20 dos 240 alunos do período da tarde apareceram.

Aulas e provas foram canceladas, e os professores atendiam apenas os casos que precisavam de revisão e reforço do conteúdo. De manhã, estudantes desavisados foram até a unidade, e houve atividades para cerca de 200 estudantes. À tarde, os pais já estavam cientes da falta de energia, e menos de 10% dos estudantes apareceram.

A merenda estava garantida, segundo um funcionário da administração da escola. Há duas semanas, a unidade já tinha ficado quatro dias sem energia e perdido um dia de aula.

A luz voltou às 12h45, enquanto a reportagem estava no local. A escola de ensino infantil Rodrigo Trevisan, vizinha da Aníbal Freire, também foi afetada. Ali, ouve atividades durante a manhã, mas funcionários reclamaram da falta de ventiladores durante as atividades —a cidade de São Paulo vive uma onda de calor extremo nos últimos dias.

Na rua Fernando de Albuquerque, na Consolação, uma árvore caiu sobre um carro e arrancou a fiação de um poste. Uma equipe da prefeitura terminava o trabalho de remoção da árvore por volta das 10h desta quinta, segundo o médico Gabriel Cícero, 26, filho da proprietária do carro. Houve danos na carroceria e num farol do carro.

"Não consigo nem estimar o prejuízo, porque o seguro ainda não acabou. Esperamos que deem perda total", disse Cícero.

A queda de energia também afetou o fornecimento de água, segundo a Sabesp. Bairros da zona sul da capital —como Capão Redondo, Jardim Ângela, Parque Santo Antônio e Jardim São Luís—, e de Itapecerica da Serra, Embu das Artes, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra estavam com o abastecimento "em recuperação" devido ao temporal, de acordo com a companhia.

Quedas de energia também afetaram equipamentos da Sabesp na região do Tremembé, na zona norte, e em Franco da Rocha. Na segunda (13), interrupções sucessivas no fornecimento de energia já haviam afetado parte da área abastecida pelo Sistema Guarapiranga.

"A Sabesp está realizando manobras operacionais para reduzir o impacto. A retomada do fornecimento, que está ocorrendo gradualmente, vem sendo mais lenta em virtude da alta de consumo causada pela onda de calor", informou o governo estadual, em nota. A previsão da companhia é que a recuperação do abastecimento ocorra ao longo desta quinta-feira (16).

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