Descrição de chapéu Planeta em Transe chuva

Número de dias com ondas de calor mais que dobrou em 20 anos no país

Estudo realizado pelo Inpe mostra que houve 52 dias com altas temperaturas entre 2011 e 2020

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São Paulo

Para entender como o clima no país está mudando, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) realizou um estudo a partir de dados coletados nos últimos 60 anos e concluiu que o número de dias com ondas de calor mais que dobrou nas nas últimas duas décadas.

Realizado a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o levantamento permite reconhecer as tendências nas séries de chuva, temperatura máxima e mais três índices derivados que são considerados extremos climáticos: dias consecutivos secos (CDD), precipitação máxima em cinco dias (RX5day) e ondas de calor (WSDI).

Foram considerados dados de 1.252 estações meteorológicas convencionais, sendo 642 estações manuais e 610 automáticas, para construir as séries de temperatura máxima, e um total de 11.473 pluviômetros para os dados de precipitação.

Mapas do estudo: No período estudado, entre 1961 e 1990, o número de dias com ondas de calor era de sete e ampliou para 52 dias no período entre 2011 e 2020
No período estudado, entre 1961 e 1990, o número de dias com ondas de calor era de 7 e aumentou para 52 dias no período entre 2011 e 2020 - Reprodução/Inpe

Os pesquisadores do Inpe estabeleceram 1961 a 1990 como período de referência, e efetuaram análises segmentadas sobre o que aconteceu com o clima para três períodos: 1991-2000, 2001-2010 e 2011-2020.

Entre 1991 e 2000, a temperatura máxima subiu cerca de 1,5°C. No entanto, cresceu 3°C em alguns locais para o período de 2011 a 2020, especialmente na região Nordeste e proximidades.

No período de referência, a média de temperatura máxima no Nordeste era de 30,7°C e subiu, gradualmente, para 31,2°C em 1991-2000, 31,6°C em 2001-2010 e 32,2°C em 2011-2020.

Com exceção da região Sul, da metade sul do estado de São Paulo e do sul do Mato Grosso do Sul, os dados indicam que houve aumento gradual das anomalias de ondas de calor ao longo dos períodos analisados.

No período de referência, o número de dias com ondas de calor não ultrapassava sete. Para o período de 1991 a 2000 subiu para 20 dias; entre 2001 e 2010 atingiu 40 dias; e de 2011 a 2020, o número de dias com ondas de calor chegou a 52 dias.

"Essas informações são a fonte que podemos reportar como fidedignas daquilo que está sendo sentido no dia a dia da sociedade. Estamos deixando de perceber para conhecer. Esse é um diferencial de termos essa fonte de dados robusta", afirmou o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes. "São dados relevantes para fazer a ciência climática dar suporte à tomada de decisão. Estamos deixando a percepção de lado para aprofundar o conhecimento", complementou.

O estudo também verificou uma variação do acumulado de chuvas nas regiões Nordeste e Sul entre 2011 e 2020. Enquanto houve queda na taxa média de precipitação, com variações entre –10% e –40% do Nordeste até o Sudeste e na região central do Brasil, foi observado aumento entre 10% e 30% na área que abrange os estados da região Sul e parte dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

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