Pilhas de rejeitos da Vale são interditadas por falta de estabilidade em Mariana (MG)

OUTRO LADO: Mineradora afirma que interdição é preventiva e que acompanha vistorias

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Belo Horizonte

A ANM (Agência Nacional de Mineração) interditou três pilhas de rejeitos de uma mina da Vale em Mariana (MG) por falta de comprovação de estabilidade das estruturas. A decisão da ANM é da última sexta (10), e as interdições ocorrem na mina de Fábrica Nova.

A agência afirma que realiza nesta semana, em parceria com a Defesa Civil de Minas Gerais, vistoria no local para definir ações que devem ser adotadas pela empresa.

"Assim que for apresentado laudo atestando a estabilidade das estruturas, a ANM decidirá sobre a manutenção ou não da intervenção", diz a agência, em comunicado.

Em nota, a Vale diz que as pilhas foram interditadas preventivamente pela ANM e que acompanha a realização de vistorias. "Importante reforçar que as estruturas geotécnicas da companhia são monitoradas permanentemente por equipe técnica especializada", afirma a mineradora.

Vegetação invade construções destruídas pela lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), atingido por rompimento de barragem em 2015 - Lalo de Almeida - 13.nov.2018/Folhapress

Em nota, a Vale afirmou não haver risco iminente de desabamento das pilhas de estéril e, consequentemente, também não há a necessidade da remoção de famílias. "Diferentemente do que foi veiculado por alguns veículos de imprensa, a pilha de estéril é uma estrutura de aterro constituída de material compactado, diferente de uma barragem e não sujeita à liquefação", afirma.

A ANM, no entanto, disse que a pilha poderia ruir e cair em um dique da empresa que fica próximo. Nesse dique, há rejeito como em uma barragem. Se o rejeito sólido cair no dique, poderia provocar transbordo.

No distrito de Santa Rita Durão, que pertence a Mariana, vivem cerca de 300 pessoas. Não há, ao menos por ora, decisão que determine que os moradores deixem o local.

As pilhas de material estéril (PDE) são rejeitos produzidos a partir da extração do minério de ferro. Segundo a ANM, as pilhas interditadas são a PDE Permanente I, a PDE Permanente II e a PDE União Vertente Santa Rita.

Em 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, joint-venture da Vale e da BHP Billiton, em Mariana, matou 19 pessoas e destruiu o distrito de Bento Rodrigues.

A lama que desceu da barragem também provocou um dos maiores desastres ambientais do país, poluindo toda a extensão do rio Doce até sua foz, no litoral do Espírito Santo, também atingido.

O documentário "Fantasmas da Lama", feito pela Folha, mostra os impactos da tragédia de Mariana.

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