Show de Taylor Swift assombra vizinhos do Allianz Parque em SP

Maratona de grandes eventos fecha ruas e tranca moradores em casa; filas do primeiro dia geram tumulto e caos no trânsito

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São Paulo

Enquanto milhares de fãs esperam ansiosos pelas apresentações de Taylor Swift em São Paulo no fim de semana, vizinhos do Allianz Parque, na zona oeste da capital paulista, se preparam para o reinício de uma maratona de transtornos.

Em dias de eventos, são fechados para o trânsito de veículos trechos de vias atrás do estádio do Palmeiras. A interdição ocorre nas ruas Palestra Itália, Caraíbas e Diana, pois elas recebem a concentração de público e a formação das filas para acessar os portões da arena.

Jovens em filas bagunçadas bloqueiam passagem de carros
Caos na avenida Sumaré devido às enormes filas para entrar no Allianz Parque para o show da cantora Taylor Swift, nesta sexta (24) - Danilo Verpa/Folhapress

No caso de Taylor Swift, há uma preocupação a mais: o fechamento das ruas ocorre mais cedo do que o usual. Em vez de começar no início da tarde, o acesso começou a ser bloqueado às 8h desta sexta (24), dia do primeiro show. "É a primeira vez que vão fechar tão cedo", conta a gerente de dublagem Valeuska Barroso, 41, moradora da Palestra Itália.

Moradores de casas e dos conjuntos de apartamentos têm direito de furar o bloqueio, mas isso não acontece na prática. Eles dizem quem mora nas ruas fechadas é barrado por bloqueios realizados por funcionários contratados pela organização e que não conseguem apoio da Polícia Militar e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) para a liberação do acesso.

"Eu já cheguei a ficar três dias sem sair de casa, não dava nem para passar a pé", conta o aposentado Ricardo Augusto de Carvalho, 73. "Eu não sabia que um agente privado tem poder de tirar o meu direito de ir e vir", reclama.

Há 20 anos, ele escolheu o bairro para morar porque queria usufruir com a família da área de lazer do clube, que deu lugar à nova arena em 2014.

A casa nova ampliou a capacidade de público de 27 mil para mais de 43 mil pessoas. Além disso, passou a ser um dos espaços mais adequados para a realização de grandes apresentações musicais na cidade.

Na tarde desta sexta, o cenário era caótico no entorno do Allianz. Sem orientação dos organizadores, filas de fãs invadiam Três faixas da avenida Sumaré, em meio à circulação de carros e ônibus, com risco de atropelamento. Houve tumulto, correria de jovens e buzinaço.

A reportagem não encontrou a presença de agentes de trânsito da CET nem da Polícia Militar. Em determinado momento, um transeunte tentava liberar uma pista para a passagem dos veículos.

Houve também uma briga entre um motoqueiro e ambulantes, provocando tensão no meio da aglomeração.

A Polícia Militar diz que o monitoramento é feito desde quinta-feira (23), por causa das filas e de fãs acampados. Em cada um dos três dias de shows, afirma, o policiamento de trânsito terá um efetivo de 24 PMs, em média, com motos e carros.

O policiamento, explica, foi implantado às 8h desta sexta, com o fechamento parcial de algumas vias e às 10h45 houve a implantação da "super quadra", com bloqueio total de ruas.

Já a CET afirma que monitora as imediações do Allianz Parque nesta sexta e que 20 agentes de trânsito atuam desde as 6 na operação para dar fluidez no trânsito e segurança para os pedestres.

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Briga entre motoqueiro e ambulantes na avenida Sumaré - Danilo Verpa/Folhapress

Além dos três shows em sequência da cantora americana que acontecem até este domingo (26), o estádio do Palmeiras vem recebendo uma série de espetáculos de artistas de grande projeção internacional, como a cantora canadense Alanis Morissette, no último dia 14, e do grupo RBD, que fez quatro apresentações entre os dias 16 e 19 deste mês.

Em dezembro serão mais dez shows, entre os quais três do ex-Beatle Paul McCartney. O calendário até o fim do ano ainda conta com uma partida de futebol do time da casa.

O Palmeiras enfrentará o América-MG no dia 29, pelo Campeonato Brasileiro. O clube é importante candidato ao título e, caso seja campeão, a festa será no quintal de casa dos palmeirenses e dos seus vizinhos.

Não é só quem mora ao lado do estádio que reclama. Patrícia Hernandez, 46, mora na Vila Ipojuca, a três quilômetros da arena, mas precisa alterar a rotina da família quando há eventos.

"Nossa caçula frequenta uma escola pertinho do parque da Água Branca, e as turmas da manhã ficam das 8h às 15h, bem no horário que o trânsito começa a tumultuar a região próxima ao estádio", diz.

"Nos dias de shows e alguns dias de jogos, com o aumento de carros, filas de pessoas, barracas de fãs, vendedores, ficamos presos no trânsito. "Isso acaba sendo estressante porque são crianças pequenas, de 2 e 3 anos, que não entendem trânsito", reclama.

O advogado Maurício Januzzi afirma que agentes privados não têm competência para barrar o acesso dos moradores e que é necessário credenciamento prévio, para facilitar o trânsito. Residentes relataram à Folha que não possuem esse tipo de credencial.

A empresa gestora do Allianz Parque disse que disponibiliza aos moradores do entorno o acesso voluntário ao aplicativo do programa Bom Vizinho, que possibilita entrada ainda mais rápida dos residentes cadastrados. Em todos os eventos, segundo a empresa, monitores do programa devidamente identificados ficam nos bloqueios para auxiliar os moradores.

A CET informou que mantém agentes em postos operacionais no entorno do Allianz Parque, quando da realização de partidas de futebol e eventos naquele estádio e que as atividades de ronda e fiscalização do trânsito começam com antecedência bem como monitoramento das vias e bloqueios operacionais.

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