Governador de AL anuncia plano para desapropriar área de mina da Braskem, mas recua

Paulo Dantas (MDB) sugeriu que local afetado em Maceió fosse transformado em parque estadual

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São Paulo

O governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), sugeriu desapropriar toda a área no entorno da mina 18 da Braskem, em Maceió, que desabou neste domingo (10). O local afetado compreende cinco bairros —Mutange, Pinheiro, Bebedouro, Bom Parto e Farol.

A proposta de Dantas é que a área fosse transformada em um parque estadual. "Em respeito à memória de todos que construíram suas vidas ali."

A área já pertence à Braskem. Nos últimos anos, 14 mil famílias que viviam nos bairros afetados tiveram que abandonar suas casas.

Em reunião emergencial para debater a proposta nesta segunda-feira (11), prefeitos da região metropolitana de Maceió desencorajaram o governador. A zona compreende, além da capital, as cidades de Rio Largo, Marechal Deodoro, Pilar, São Miguel dos Campos, Barra de São Miguel, Barra de Santo Antônio, Messias, Satuba, Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte e Paripueira.

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Vista aérea do local de afundamento da mina 18 da Braskem, em Maceió - Secom AL

O governador apresentou sua ideia, mas os prefeitos se dividiram —parte se animou com o plano, parte foi contra. Sem consenso, a pauta foi escanteada, de acordo com o Governo de Alagoas.

O teto da mina desabou por volta das 13h15 deste domingo, após semanas sob monitoramento devido a abalos sísmicos e afundamento. A área em que fica a mina, no bairro do Mutange, já havia sido desocupada, e, portanto, não houve vítimas.

O local era usado pela Braskem na exploração sal-gema, mas as operações foram interrompidas em 2019, após os primeiros sinais de afundamento do solo. Desde então a empresa vem trabalhando para preencher as cavidades de 35 minas no local.

A velocidade de afundamento da mina 18 se acelerou neste último sábado (9), chegando a 0,54 cm/h, segundo boletim emitido pela Defesa Civil.

O município está em estado de emergência por 180 dias desde o dia 29 de novembro, conforme determinação do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL).

'A novela terminou', diz primeiro a alertar sobre risco

Abel Galindo, professor de engenharia civil na UFAL (Universidade Federal de Alagoas), foi o primeiro profissional a alertar sobre a possibilidade de desabamento de uma das minas escavadas pela Braskem para extrair sal-gema em Maceió. Falava do assunto desde 2010. Sua previsão concretizou-se neste domingo.

"A novela terminou, e foi como eu disse. Parabéns aos envolvidos", disse Galindo à Folha. Para ele, um estudo amplo deve ser conduzido com urgência a fim de medir os impactos na região.

Todos os grupos que acompanhavam a mina perderem seus equipamentos após o desabamento. Agora, equipes apoiadas pelo poder público devem realizador voos sobre o local, e expedições a barco também são planejadas.

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