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Nível de afundamento de solo em mina da Braskem em Maceió chega a 1,69 m

Após redução, ritmo de deslocamento continua estável; Defesa Civil permanece em alerta máximo e empresa diz monitorar situação

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Rio de Janeiro

O solo da mina 18 da Braskem que fica no bairro do Mutange, em Maceió, afundou 1,69 m desde o início do monitoramento, em 28 de novembro, até este domingo (3), de acordo com a Defesa Civil do município. A região passou a ser monitorada devido aos novos abalos sísmicos nesta semana que gerou risco iminente do colapso.

A velocidade de afundamento, no entanto, continua estável. O índice caiu no sábado (2) de 5 para 0,7 centímetros por hora e está no mesmo patamar até a manhã deste domingo. O deslocamento de terra foi de 10,8 cm, nas últimas 24 horas.

A Defesa Civil permanece em alerta máximo e mantém a orientação para que a população evite transitar na área desocupada.

Área evacuada no bairro Mutange, em Maceió, onde uma mina da empresa Braskem está em risco iminente de colapso. - Jonathan Lins - 1º.dez.2023/Folhapress

Dados de monitoramento da mineradora demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina e poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização, o outro é uma possível acomodação abrupta do solo.

Segundo a empresa, a área de resguardo no bairro do Mutange está desocupada desde abril de 2020. Neste sábado, a Braskem afirmou que os moradores de 23 imóveis que permaneciam dentro das áreas de risco foram realocados pela Defesa Civil por determinação judicial. Disse ainda que continua monitorando a situação.

Imagens mostram que a área seca está sendo cada vez mais ocupada pela água da lagoa Mundaú. A área é monitorada por equipamentos da Defesa Civil que registraram um novo tremor de terra de magnitude 0,89 neste sábado.

O abalo sísmico foi ainda mais forte que o registrado na noite de sexta (1º), que teve magnitude 0,39. Desta vez, o órgão diz que o evento ocorreu a 300 metros de profundidade.

O sinal de alerta foi aceso na última quarta-feira (29), quando Defesa Civil de Maceió alertou que uma mina da Braskem estava em risco iminente de colapso.

A população que mora próximo à área atingida foi orientada a deixar o local e procurar abrigo, e a prefeitura decretou estado de emergência por 180 dias.

Os primeiros alertas sobre os danos no solo aconteceram em meio de tremores de terra no dia 3 de março de 2018. Na ocasião, o tremor fez ceder trechos de asfalto e causou rachaduras no piso e paredes de imóveis, atingindo cerca de 14,5 mil casas, apartamentos e estabelecimentos comerciais nos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.


ENTENDA O HISTÓRICO:

ANOS 1970

Governo estadual autorizou em Maceió extração de sal-gema —uma matéria-prima usada na indústria para produção de PVC e também cloro, ácido clorídrico, soda cáustica e bicarbonato de sódio.

A empresa que deu início à atividade foi a Salgema Indústria Químicas de Alagoas, que depois passou a ser chamada de Braskem. Apesar de o órgão ambiental da época não recomendar as extrações, a atividade na região aconteceu a partir de 1975.

2018

Após mais de 40 anos de extração na região, um tremor de terra foi sentido em março de 2018. Na época, também foram registradas rachaduras em casas, fendas nas ruas, afundamentos de solo e crateras, segundo o MPF, sem aparente motivo.

No início, as reclamações partiam do bairro do Pinheiro, mas no mesmo ano foram registradas também no Mutange e Bebedouro. No ano seguinte, moradores do Bom Parto também reportaram danos em suas residências.

Após o episódio, foi dado início a uma investigação para entender o que motivou o fenômeno na região.

2019

No ano seguinte, o Serviço Geológico do Brasil (antigo CPRM) concluiu que as atividades de mineração da empresa Braskem em uma área de falha geológica causaram o problema. No laudo, cientistas afirmam que o tremor de terra de 2018 aconteceu em razão do desmoronamento de uma dessas minas.

Segundo o estudo, aquele não foi o único tremor, pois os laudos apontam a existência de outras minas deformadas e desmoronadas. Desde então, o MPF em Alagoas acompanha o caso. Em meados de 2019, ocorreram as primeiras evacuações do local.

Até então, havia 35 poços de extração em área urbana. Os poços estava pressurizados e vedados, porém a instabilidade das crateras causou danos ao solo, que foram visíveis na superfície.

Desde então, mais de 60 mil famílias dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foram realocadas para outros pontos da cidade. Após o laudo que apontou a exploração como responsável pela instabilidade da região, foram fechadas 35 minas da região de Mutange e Bebedouro.

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