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Justiça Militar torna réus 8 acusados de furtar metralhadoras de quartel em SP

Quatro militares vão responder por peculato e inobservância de lei, e quatro civis foram denunciados por receptação; decisão detalha sequência dos fatos

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Brasília

A Justiça Militar aceitou a denúncia do Ministério Público Militar e tornou réus oito acusados de envolvimento no furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri (SP).

Quatro militares do Exército e quatro civis são acusados de crimes pela participação direta ou indireta no furto. Dois cabos do Exército estão presos, e os civis são considerados foragidos. O processo está em segredo de Justiça, e a Folha conseguiu acesso aos detalhes da decisão.

Os militares denunciados são o cabo Vagner da Silva Tandu (peculato), o cabo Felipe Ferreira Barbosa (peculato), o 1º tenente Cristiano Ferreira (peculato culposo e inobservância de lei, regulamento ou instrução) e o tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista, ex-comandante do Arsenal de Guerra (peculato e inobservância de lei, regulamento ou instrução).

Os civis são réus por receptação. Os nomes são mantidos em sigilo para não atrapalhar as buscas.

Metralhadoras foram furtadas do Arsenal de Guerra do Exército em São Paulo no dia 7 de setembro de 2023 - Zanone Fraissat/Folhapress

De acordo com a denúncia, o furto aconteceu por volta de 14h30 do dia 7 de setembro de 2023, feriado em que militares tradicionalmente são responsáveis por realizar cerimônias e desfiles de comemoração pela Independência do Brasil.

Na decisão de segunda-feira (26), o juiz detalha que os cabos teriam "arrombado os cadeados e o lacre que guarneciam o local e desarmado o alarme que o protegia".

Na sequência, Vagner Tandu teria estacionado uma caminhonete Ford Ranger próximo à saída da Seção de Recebimento e Expedição de Material do Arsenal de Guerra de São Paulo.

"A seguir, o primeiro e o segundo denunciados (Vagner da Silva Tandu e Felipe Ferreira Barbosa) colocaram as armas anteriormente mencionadas (13 metralhadoras .50 M2 HB Browning, 8 metralhadoras 7,62 M971 MAG e 1 fuzil 7,62 M964) na caçamba da caminhonete, ocultando-as com a cobertura da parte traseira do veículo."

Vagner deixou o Arsenal de Guerra com as armas furtadas minutos depois, ainda segundo a decisão. Felipe Barbosa ficou no quartel e inseriu novos cadeados no paiol.

As armas estavam no quartel sem uso, à espera de manutenção, e naquele momento eram consideradas inservíveis. São, porém, armamentos de grosso calibre.

As metralhadoras .50 são utilizadas para disparo antiaéreo. Elas são capazes de derrubar helicópteros e até furar blindagem de tanques. Têm capacidade de atirar até 550 projéteis por minuto, com alcance de dois quilômetros. Duas dessas armas seguem perdidas.

As metralhadoras de calibre 7,62 são utilizadas por organizações criminosas para fazer ataques a carro-forte, crime que tem crescido no interior com a alcunha de "novo cangaço".

Parte das armas foi recuperada em trabalho de cooperação entre o Exército e a Polícia Civil de São Paulo e do Rio de Janeiro. As metralhadoras foram negociadas com o PCC e outros grupos criminosos.

A investigação foi conduzida inicialmente pelo Comando Militar do Sudeste. Após o indiciamento dos suspeitos, o Ministério Público Militar analisou as provas e apresentou a denúncia.

Os próximos passos são os depoimentos da acusação e das defesas e o requerimento de diligências pelas partes do processo. Não há previsão de data para o julgamento.

Apesar do furto ter acontecido em setembro de 2023, o sumiço das 21 metralhadoras só foi notado mais de um mês depois, quando um oficial do Exército realizava a checagem do armamento no paiol.

A primeira decisão do Comando Militar do Sudeste foi deixar os 480 militares que servem no Arsenal de Guerra aquartelados. Uma semana depois, iniciou-se uma liberação gradual de oficiais e praças.

Quase 40 militares foram punidos administrativamente pelo furto das metralhadoras —com prisões disciplinadas que variavam de 1 a 20 dias.

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