Descrição de chapéu Obituário Lucia Faria Alegria Simões (1945 - 2024)

Mortes: Foi a primeira amazona brasileira a disputar as Olimpíadas

Nascida no Rio de Janeiro, esportista ganhou o mundo com sua elegância nas provas de hipismo

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São Paulo

Quando tinha mais ou menos dez anos de idade, a menina se encantou com um cavalo comum no sítio de seu tio, em Queimados (RJ). Montada no animal, passava sobre pedaços de pau espalhados por ela pelo chão. Além de ensinar o pangaré a saltar, daquela brincadeira nascia um dos maiores nomes do hipismo mundial dos anos 1960 e 1970.

Lucia de Faria foi a primeira amazona do país a disputar as Olimpíadas. Montada em Rush de Camp, apontado pela Confederação Brasileira de Hipismo como o principal cavalo da sua carreira, terminou em sétimo lugar, um feito e tanto, nos Jogos do México, em 1968.

Mulher com traje de hipismo em cima de cavalo cumprimenta um homem e uma mulher
A amazona brasileira Lucia Faria Alegria Simões, que morreu no último dia 29 de janeiro, aos 78 anos - @shbrj no Instagram

Nascida no Rio de Janeiro, sua trajetória foi vitoriosa, principalmente na Europa. Em 1969, com o mesmo cavalo das Olimpíadas do ano anterior, entre outras conquistas, ganhou o tradicional GP de La Baule, na França —foi a única a zerar o percurso, de acordo com a CBH.

"Ela era completamente fora da curva para montar, diferenciada pela técnica. Tinha uma habilidade acima da média", afirma o multicampeão Carlos Vinícius Gonçalves Motta, 64, que diz ter conhecido a sua futura madrinha no hipismo em 1973.

A habilidade com o cavalo e sua elegância na montaria formavam um conjunto perfeito, lembra o ex-aluno. "Sou fruto do talento dela", afirma Motta.

O mundo de Lucia Faria girava em torno do hipismo. Tanto que em meados da década de 1970 se apaixonou pelo cavaleiro olímpico Antonio Alegria Simões.

"No almoço e no jantar só se falava em cavalos lá em casa", lembra o engenheiro André de Faria Alegria Simões, 37, o único da turma a seguir outros caminhos, já que a irmã, Carolina, é amazona, como a mãe.

Era uma mulher discreta, não gostava de falar de seus feitos. Mas André lembra de ter mostrado a medalha de participação nos Jogos do México para convencer os amigos de que era filho de uma atleta olímpica.

Na vida atribulada de esportista e administradora não faltava tempo para liderar a família. Calma, gentil e educada, nunca levantou a voz.

"Muito disciplinada, trabalhava duro. Sempre acordava cedo e dormia tarde", diz o filho.

A aposentadoria apenas mudou sua rotina no hipismo. Passou a dar aulas e depois se tornou desenhista internacional de circuitos.

"Lucia Faria foi responsável pela formação de gerações de cavaleiros e amazonas, tanto na SHB, que frequentou desde 1955, quanto no Paddock Condomínio Equestre, que fundou em 1990, junto ao marido", escreveu a Sociedade Hípica Brasileira em rede social, numa referência ao condomínio hípico construído pela família na região de Petrópolis.

Ultimamente, ela ocupava o cargo de vice-presidente da Federação Equestre do Rio de Janeiro. Era chamada de rainha, segundo postou Alejandra Fernandez, a presidente da instituição.

Lucia Faria Alegria Simões morreu no último dia 29, aos 78 anos. Deixou o marido Antonio, os filhos Carolina e André, dois netos e o caminho aberto para amazonas brasileiras vencerem seus obstáculos mais facilmente.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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