Descrição de chapéu Obituário José Botelho de Oliveira (1925 - 2024)

Mortes: Viveu com serenidade e era torcedor apaixonado do Guarani

José Botelho de Oliveira morreu no dia em que fez 99 anos

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São Paulo

Mineiro tranquilo, José Botelho de Oliveira cultivou serenidade, espiritualidade e bons hábitos durante toda a vida. Amava futebol, e sua paixão pelo Guarani só não era maior que a bronca pela Ponte Preta.

Encantou a todos ao longo de sua jornada e morreu no dia em que completou 99 anos.

Oliveira nasceu em Januária (MG) em 28 de janeiro de 1925. Foi criado pelo pai e pela madrasta e teve três irmãos por parte de pai. Desde cedo trabalhou na roça. Morou em Guaxupé (MG) antes de se mudar para Campinas (SP), em 1950, já casado com Maria da Penha. Os irmãos foram embora para São Paulo, e eles nunca mais se encontraram.

"Lembro que na década de 70 ele foi para Guaxupé e para São Paulo procurar os irmãos", conta o filho mais novo, o jornalista Flávio Botelho.

José Botelho de Oliveira (1925 - 2024)
José Botelho de Oliveira (1925 - 2024) - Arquivo Pessoal

A esposa era empregada doméstica na casa de um engenheiro agrônomo, e o patrão dela conseguiu uma vaga para Oliveira trabalhar nos laboratórios da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado, onde ficou até se aposentar.

Botelho conta que, ao contrário da mãe, o pai era calmo.

"Era tranquilo, sempre cuidou da saúde, fazia atividade física e caminhada. Adorava plantas. Os dois eram yin e yang. Quando minha mãe começava a brigar, ele ia mexer nas plantas, passear com o cachorro", diz.

Católico, passou décadas indo à missa todos os domingos na Igreja de Santa Luzia. Saía de lá direto para a feira, onde, além das compras, comia pastel, rotina que manteve por décadas.

Bugrino raiz, torcia mais para a Ponte Preta perder do que para o Guarani ganhar. "Detestava a Ponte Preta. Tenho muitas lembranças no estádio com ele, desde criança. Ele via futebol na TV, mas sempre com o radinho na orelha", conta o jornalista.

Após sua morte, os jogadores do Guarani fizeram um minuto de silêncio em homenagem a Oliveira. A foto dele foi estampada no placar eletrônico do estádio, e seu nome ganhou o alto-falante.

"Ele nunca pôde me dar bens materiais, mas me deu o mais importante: amor e compreensão. Era muito carinhoso, educado, nunca teve desavenças com ninguém", lembra o filho.

A única coisa que não gostava, continua, era de ser tratado como criança. "Às vezes, quando íamos ao médico, as equipes falavam com ele no diminutivo, faziam voz de criança. Com delicadeza, ele dizia 'não sou criança, não gosto que fale assim', não gostava de ser infantilizado."

Oliveira morreu dormindo em 28 de janeiro, dia em que completou 99 anos, em razão de uma forte infecção urinária. Viúvo, deixou dois filhos, sete netos, 12 bisnetos e seis trinetos.

"Meu pai morreu em paz e me deixou com ela. Ele viveu de forma plena, superou as dificuldades com serenidade. Nunca levantou a mão ou a voz para mim. Deixou esse legado de perseverança, longevidade, serenidade e espiritualidade", finaliza.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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