Descrição de chapéu Obituário Antônio Aguillar (1929 - 2024)

Mortes: Era apaixonado por rádio e abriu caminho para a Jovem Guarda

Alegre e inquieto, Antônio Aguillar fotografou São Paulo nos anos 1950 e foi servidor público

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São Paulo

Depois de mais um dia de trabalho, os colegas de Redação do jornal A Notícia, em São José do Rio Preto (a 442 km de São Paulo), resolveram sair para comer uma pizza. Um dos jornalistas era conhecido como a enciclopédia da equipe.

Nos anos 1990, antes de a internet se popularizar em redações, se alguém precisasse de uma informação ou estatística bastava pedir a ele. Antônio Aguillar voltava um tempo depois cheio de conteúdo sobre o assunto.

Ele havia se juntado à equipe no ano anterior, após um pedido modesto. "Muito humildemente, perguntou se poderia trabalhar com arquivo. No outro dia, chegou com seis armários de aço", conta o amigo Nelson Gonçalves, 63.

Foi na pizzaria que os colegas souberam que os arquivos eram quase tão ricos quanto a carreira de Aguillar.

Antônio é idoso, tem cabelos grisalhos, sorri para foto e apoia os dois braços sobre uma foto em preto-e-branco de um prédio, com um automóvel antigo passando pela rua
Antônio Aguillar (1929 - 2024) - Fabio Braga - 25.fev.2014/Folhapress

Àquela altura, ele estava de volta à sua cidade natal depois de anos na capital. Como fotógrafo do jornal O Estado de S. Paulo, documentou as transformações paulistanas nos anos 1950 e encontrou sua paixão no rádio, com passagens por 9 de Julho, Excelsior e Nacional (depois Rádio Globo).

No comando de programas de auditório para jovens nos anos 1960, organizou vários conjuntos musicais que acompanhavam os artistas ao vivo. Daí foi um pulo —não sem muito trabalho— para a televisão, apresentando as novidades no rock’n’roll.

Certa vez, atendeu ao pedido do amigo Abelardo Barbosa, o Chacrinha, para ajudar a divulgar o trabalho do jovem músico capixaba Roberto Carlos.

Quando deixou a TV Record, já havia produzido para a emissora diversas apresentações com Erasmo Carlos, Wanderléa, Jerry Adriani, The Clevers, The Golden Boys e outros artistas. A experiência foi reunida no livro "Histórias da Jovem Guarda", publicado pela editora Globo.

Antônio trabalhou por anos também na TV Globo e foi por volta dos anos 1970 que conheceu Maria Célia, então estudante de teatro, que seria sua companheira até o fim da vida. "Era muito batalhador e alegre. Sabe a história de ‘querer é poder’? Ele tinha essa meta", diz ela.

Apaixonado por rádio, continuou apresentando programas e notícias na volta a São José do Rio Preto, e também em Santos e mais uma vez em São Paulo. "Ele só deixou a Rádio Capital por causa da pandemia", diz Maria Célia.

Também foi funcionário público e assessorou o ex-presidente Jânio Quadros durante o mandato na Prefeitura de São Paulo nos anos 1980.

Acometido por uma pneumonia há cerca de um mês, Antônio morreu em 11 de fevereiro, aos 94 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória.

Deixa oito filhos —os três mais novos do casamento com Maria Célia— e netos. Ao longo dos anos, presenteou diversas instituições, como o MIS (Museu da Imagem e do Som), com seu arquivo invejável.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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