Descrição de chapéu Santos

Registros de roubo de carga explodem e batem recorde na Baixada Santista

Ocorrências mais que dobraram em 2023, em relação a 2022, e se concentram em Praia Grande, São Vicente, Guarujá e Cubatão; OUTRO LADO: governo diz que 51 foram presos na região

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São Paulo

Os roubos de carga na Baixada Santista aumentaram 156% em 2023, na comparação com 2022, segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo divulgados na última sexta (26). As ocorrências se concentram em Praia Grande, São Vicente, Guarujá e Cubatão, cidades vizinhas a Santos.

A Baixada Santista engloba 24 municípios. Em 2023, foram registrados 602 casos de roubos de carga na região, contra 235 em 2022. O número do ano passado é o maior da série histórica, iniciada em 2001.

Questionada, a SSP disse que as ocorrências do tipo caíram 4,2% em todo o estado em 2023, na comparação com 2022 (de 6.331 para 6.063 casos). "O estado de São Paulo conta com o Programa Pró-Carga, que atua no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento à criminalidade em conjunto com as polícias Civil, Militar e outros órgãos", afirmou a pasta, em nota.

A SSP não respondeu, no entanto, sobre o aumento das ocorrências na Baixada Santista. Disse, contudo, que 51 pessoas foram presas por envolvimento nos roubos de carga na região no ano passado.

dois caminhões transitam em velocidade pela pista, o que é indicado por parte da imagem borrada
Movimentação de caminhões de carga na área do porto de Santos, no litoral de SP - Adriano Vizoni - 2.fev.2024/Folhapress

A Baixada Santista tem sido marcada por episódios como o ocorrido em Cubatão na semana passada, quando ladrões tentaram roubar uma carga de cigarro avaliada em R$ 7,2 milhões. Três pessoas morreram em troca de tiros com policiais, segundo a Polícia Militar, e 15 suspeitos foram presos.

Para grupos criminosos, roubar uma carga valiosa é uma forma de fazer dinheiro vivo, afirma Leonardo Ostronoff, sociólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP. "O crime organizado não passa cartão ou paga imposto, então o roubo de carga é atrativo por isso. E também pela quantidade de cargas, ainda mais na região do porto de Santos."

Os dados da SSP reúnem as ocorrências de Santos e outras 23 cidades: Barra do Turvo, Bertioga, Cajati, Cananéia, Cubatão, Eldorado, Guarujá, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga, Itanhaém, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Miracatu, Mongaguá, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Peruíbe, Praia Grande, Registro, São Vicente e Sete Barras.

Mas 82% dos roubos foram registrados em apenas quatro municípios: Praia Grande (196), São Vicente (150), que teve o maior aumento entre 2022 e 2023, Guarujá (92) e Cubatão (54).

Para investigar e enfrentar as quadrilhas, um dos desafios, diz o pesquisador, está na coleta de informações precisas sobre as ocorrências —tipo de carga, tamanho do comboio etc. "Há dificuldades de estrutura e pessoal, principalmente na Polícia Civil, para fazer isso", avalia Ostronoff.

Como mostrou reportagem da Folha, outro gargalo é o baixo índice de investigação deste tipo de crime. Dados de janeiro a setembro de 2023 indicavam que, em meio a 4.424 registros naquele período, 494 inquéritos foram instaurados —ou seja, apenas 11,2% dos casos receberam, na época, apuração formal. A SSP não informou números sobre todo o ano.

Dados mais recentes da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, referentes a 2022, mostram que o prejuízo causado por roubos de carga foi maior no Sudeste, com R$ 966,6 milhões de um total de R$ 1,18 bilhões subtraídos naquele ano.

Já Ostronoff afirma que o setor privado, justamente pelo prejuízo, investe mais em tecnologia e monitoramento, que são complementares à proteção contra roubos.

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