Descrição de chapéu forças armadas Rio

Braga Netto diz que delegado preso no caso Marielle foi escolhido por outro general

Então interventor no Rio, ele promoveu Rivaldo Barbosa, apontado como um dos arquitetos do assassinato

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Brasília

O general Walter Braga Netto, que assinou a promoção de Rivaldo Barbosa a chefe da Polícia Civil às vésperas do assassinato de Marielle Franco, em 2018, afirmou neste domingo (24) que o nome havia sido indicado pelo então secretário de Segurança Pública, o general Richard Fernandez Nunes.

Rivaldo, preso neste domingo por ser visto como um dos arquitetos do crime ao lado dos irmãos Brazão, foi nomeado por Braga Netto como chefe de polícia em decreto de 8 de março de 2018. Depois, em 13 de março de 2018, tomou posse do cargo.

O general Braga Netto foi interventor na segurança do Rio na época do assassinato de Marielle - 22.jul.2022 - Adriano Machado/Reuters

Naquele momento, o Rio de Janeiro passava por uma intervenção federal, decretada em 16 de fevereiro pelo então presidente Michel Temer. O interventor nomeado por Temer era Braga Netto, que depois virou ministro de Jair Bolsonaro (PL). O general também foi vice do ex-presidente na campanha à reeleição e mais recentemente passou a estar ligado ao plano de golpe de Estado tramado por bolsonaristas.

"Durante o período da intervenção federal na área da segurança pública no estado do Rio de Janeiro, em 2018, a Polícia Civil era diretamente subordinada à Secretaria de Segurança Pública", afirma a defesa de Braga Netto.

"A seleção e indicação para nomeações eram feitas, exclusivamente, pelo então Secretário de Segurança Pública, assim como ocorria nas outras secretarias subordinadas ao Gabinete de Intervenção Federal, como a de Defesa Civil e Penitenciária", continuam os advogados.

"Por questões burocráticas, o ato administrativo era assinado pelo Interventor Federal que era, efetivamente, o governador na área da segurança pública no RJ", afirmam.

'POSSO TER SIDO LUDIBRIADO'

Richard Fernandez Nunes se disse "perplexo" com a prisão de Rivaldo Barbosa como um dos arquitetos da execução e considera que pode ter sido ludibriado, "como toda a sociedade foi".

"Lógico que essa prisão me deixou perplexo. Como é que pode um negócio assim? É impressionante. É um negócio de deixar de queixo caído. Naquela época, não havia nada que sinalizasse uma coisa dessas, uma coisa estapafúrdia", declarou Nunes à Folha.

O general fez menção a um trecho do relatório da PF segundo o qual "é possível inferir que a trama encabeçada por Rivaldo Barbosa (...) teve o condão de ludibriar, inclusive, um general quatro estrelas do Exército Brasileiro" –na verdade, na época Richard tinha três estrelas.

"Eu nunca percebi, e eles até acham que me ludibriaram. Eu posso ter sido ludibriado, como a sociedade inteira, né? A sociedade inteira foi ludibriada."

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