Delegado Rivaldo arquitetou com irmãos Brazão plano de matar Marielle, diz PF

Segundo investigadores, houve promessa de criação de grupo paramilitar em terras vinculadas aos dois

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Brasília e Rio de Janeiro

O assassinato de Marielle Franco foi arquitetado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e pelo delegado Rivaldo Barbosa, diz relatório da Polícia Federal sobre o caso. O documento embasou decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes pela prisão dos três neste domingo (24).

Os irmãos Chiquinho Brazão (esquerda) e Domingos Brazão (meio) e o delegado de Polícia Civil e ex-chefe da Polícia do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa (direita) chegam a Brasília de avião presos. - Pedro Ladeira/Folhapress

O ministro levantou na tarde de domingo o sigilo de informações sobre o caso, inclusive o do relatório da PF. O documento afirma que o crime foi idealizado pelos dois irmãos e meticulosamente planejado por Rivaldo.

O relatório afirma que Rivaldo, então diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, aderiu ao crime antes mesmo dos executores Edmilson Macalé e Ronnie Lessa, passando a ser um dos arquitetos do assassinato na companhia dos irmãos Brazão.

Rivaldo chegou a fazer a exigência que seria repassada aos executores, dizem os investidores, de que a morte não poderia se originar da Câmara dos Vereadores (Chiquinho era vereador na mesma legislatura que Marielle).

"[Rivaldo vira] um dos arquitetos, na companhia dos Irmãos Brazão, da fase interna do iter criminis, o que se constata pela aposição da exigência fundamental repassada aos executores", afirma trecho de relatório da PF reproduzido na decisão de Moraes.

De acordo com a PF, é justificada a qualificação de Rivaldo como autor do delito porque, apesar de não ter idealizado o crime, ele "foi o responsável por ter o controle do domínio final do fato". Segundo os investigadores, ele teve "total ingerência sobre as mazelas inerentes à marcha da execução, sobretudo, com a imposição de condições".

Para a PF, a investigação dos homicídios de Marielle Franco e de Anderson Gomes foi, antes mesmo da prática do delito, talhada para ser natimorta —justamente pelo ajuste prévio dos autores com o então responsável pela apuração de homicídios no Rio de Janeiro. "Coincidência, ou não, o crime fora executado um dia após à posse de Rivaldo Barbosa na função de Chefe de Polícia", afirma trecho do documento.

Ainda de acordo com os investigadores, houve promessa de recompensa idealizada pelos irmãos Brazão e aceita pelos suspeitos de serem executores do crime, Macalé e Lessa, de implementação e comando "de um grupo paramilitar em uma grande extensão de terras vinculada à Família Brazão, nas adjacências da Estrada Comandante Luís Souto, no bairro da Praça Seca [zona oeste do município do Rio]".

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