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Deslizamentos agravam situação de famílias atingidas por enchente histórica no Acre

Na capital Rio Branco, a Defesa Civil estima que número de desabamentos pode chegar a 200 após as cheias

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Rio de Janeiro

Afetados pela maior cheia do rio Acre, que corta Rio Branco, moradores enfrentam novos dramas depois da baixa das águas. Com o solo prejudicado por causa das enchentes, cerca de 19 mil pessoas passaram a viver em áreas de risco, segundo a Defesa Civil da capital.

Por causa do nível do manancial que tem baixado rapidamente, diversos pontos da cidade registraram deslizamentos, e a estimativa do município é de que cerca de 200 edificações desabem nos próximos dias.

O coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil do Acre, coronel Carlos Batista disse à Folha que as áreas que estão as margens dos rios sofrem com o processo acelerado de erosões, fenômeno conhecido como terras caídas.

"Após as inundações, com a baixa dos níveis, esse processo de movimentação de solos aumenta nas margens dos rios, causando desmoronamento de edificações", afirmou o coronel.

Nesta terça-feira (19), o nível do rio Acre registrou 9.64 metros. O manancial ficou mais de uma semana acima dos 17 metros e atingiu a marca histórica de 17,89 metros no dia 6 de março. Essa foi a segunda maior cheia desde o início da medição em 1971. A maior cota já registrada é de 18,40 metros, em 2015.

Imóvel destruído no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco. - Reproduçao JAC

Desde a semana passada, ao menos quatro desabamentos foram registrados na capital do estado. Na quinta-feira (14), duas casas e uma oficina desabaram e quatro veículos foram arrastados para a água no bairro Cidade Nova. No dia seguinte, novos desabamentos foram registrados no bairro Seis de Agosto. Ninguém ficou ferido.

Ainda de acordo com o coronel Batista, as defesas civis dos 19 municípios nos quais foram decretadas situações de emergências no estado estão orientadas pela Defesa Civil do Acre sobre os cuidados que deverão ter em vistoriar essas áreas, já anteriormente mapeadas.

"Já ocorreram vários processos erosivos em alguns municípios, sem vítimas fatais, pela antecipação das orientações pelas defesas civis a população dessas regiões. Em muitos casos, ocorre a retiradas de famílias de forma preventiva", completou o coronel.

Segundo ele, no entanto, não há um quantitativo de casas que foram parcial ou totalmente destruídas e de pessoas precisaram deixar seus imóveis. "Estão em fase de mapeamento", disse.

Na capital Rio Branco, desde o início das cheias, mais de 100 famílias perderam suas casas e não têm para onde voltar. Ainda não há informações sobre a quantidade de pessoas que tiveram de sair por medida preventiva.

O acumulado de chamados que a Defesa Civil recebeu na última semana para a realização de vistorias por causa dos deslizamentos extrapolou a capacidade de atendimento das equipes, o que gerou atrasos na resposta à demanda. O órgão informou que acumula uma demanda superior a 2.000 vistorias.

Na cidade, há 62 áreas sendo monitoradas em situação de risco hidrológico ou geológico. Em nível mais elevado de atenção estão 12 áreas com risco de deslizamento onde ainda há pessoas nas residências.

Alguns dos bairros diretamente afetados pelas cheias e possuem áreas críticas são Seis de Agosto, Cidade Nova, Quinze, Baixada da Habitasa e Triângulo.

Casa arrastada pelo rio Acre, no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco - Reproduçao JAC

Áreas no município de Brasileia, mais de 100 pessoas também perderam as suas residências.

Já em Xapuri, de acordo com a prefeitura, apenas entre as pessoas que estão em abrigo público, cerca de 20 famílias tiveram suas casas destruídas ou interditadas.

Além da insegurança sobre suas moradias, as famílias afetadas também enfrentam ainda longas filas para conseguir alimento e água potável.

No último sábado (16), mais de 4.500 pessoas de regiões como Taquari, Cadeia Velha, Cidade Nova, Seis de Agosto, entre outras, lotaram o estacionamento do estádio Arena da Floresta, na capital, para receber um kit com uma cesta básica.

No fim de semana anterior, famílias de 19 bairros afetados pela enchente do rio Acre enfrentaram mais de dois quilômetros debaixo de sol forte. Mais de 3.000 pessoas foram atendidas.

Moradores fazem fila para retirar cesta básica em um dos pontos de entrega do governo em Rio Branco - Neto Lucena/Secom

Cada pessoa que buscar atendimento terá seu CPF cadastrado sendo verificado se mora em um dos 50 bairros que está alagado. As entregas não têm data para acabar, e serão realizadas de 8h às 13h, enquanto houver doações para serem repassadas à população.

O programa "Juntos pelo Acre" iniciou no dia 7 de março arrecadando mantimentos doados por empresas, famílias e as pessoas que querem ajudar. Ao todo, foram entregues quase 10 mil cestas básicas, segundo o Governo do Estado.

Mais de 150 mil pessoas foram atingidas desde o início da cheia no Acre em fevereiro. Em todo o estado, mais de 23.000 pessoas ficaram fora de casa, entre desabrigados e desalojados, segundo o governo do estado.

Além disso, 19 das 22 cidades acreanas declararam situação de emergência e quatro pessoas morreram em decorrência das cheias.

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