Descrição de chapéu Rio de Janeiro Folhajus Rio

Justiça absolve PMs envolvidos na morte de mulher arrastada por viatura há 10 anos no Rio

Policiais disseram que tentaram socorrer a vítima, que ficou pendurada ao longo de 350 metros de trajeto apesar de agentes terem sido alertados por pedestres

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Rio de Janeiro

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro absolveu seis policiais militares envolvidos na morte da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, em 2014. Ela foi arrastada por 350 metros por uma viatura da PM após ser baleada durante uma operação no morro da Congonha, em Madureira, na zona norte da cidade.

A decisão é do último dia 22 de fevereiro. O juiz Alexandre Abrahão Teixeira, do Terceiro Tribunal do Júri, entendeu que os agentes agiram em legítima defesa, porque trocavam tiros com traficantes.

"Os acusados agiram em legítima defesa para repelir a injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida", escreveu o magistrado na sentença.

Velório de Claudia Silva Ferreira, em março de 2014; baleada, ela foi arrastada por 350 metros em viatura da PM no Rio - Daniel Marenco - 17.mar.2014/Folhapress

Foram inocentados o capitão Rodrigo Medeiros Boaventura, que comandava a patrulha, e o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno. À época, ambos chegaram a ser presos, mas responderam o processo em liberdade.

Os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodney Miguel Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva Alves e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles, também foram absolvidos da acusação de terem removido o corpo de Cláudia do local em que ela foi baleada.

Segundo o juiz Alexandre Abrahão Teixeira, "eles tentaram socorrer a vítima de imediato, em que pese vários populares agirem de modo a impedir o socorro".

A auxiliar de serviços gerais tinha quatro filhos e foi baleada no pescoço e nas costas depois de sair de sua casa no morro da Congonha para comprar pão. No caminho até a padaria, ela foi surpreendida por uma troca de tiros entre policiais e traficantes durante uma operação na comunidade.

Cláudia foi baleada e os policiais afirmam que a colocaram no porta-malas para levar a mulher ao hospital. No trajeto, a porta abriu e ela foi arrastada pela rua, por 350 metros.

Um homem registrou o momento, em um vídeo que ganhou repercussão. As imagens mostram a mulher pendurada no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa na estrada Intendente Magalhães. Apesar de alertados por pedestres e motoristas, os PMs não pararam.

Claudia já chegou morta ao Hospital Carlos Chagas, também na zona norte. O atestado de óbito apontou que ela foi morta em razão do tiro. O documento justifica a causa pela "laceração cardíaca e pulmonar de ferimento transfixante do tórax por ação perfurocortante".

A família da vítima fez um acordo com o governo e recebeu uma indenização por danos morais e materiais.

Em sua decisão, o juiz Alexandre Abrahão Teixeira ressaltou ainda que o projétil que acertou Claudia, não foi encontrado para que fosse realizado confronto balístico com as armas dos PMs e, que, o local onde os acusados estavam era "no alto da comunidade, em região densa de mata, com pouca visibilidade".

Na mesma decisão, o juiz condenou Ronald Felipe dos Santos, acusado de ser o traficante que trocou tiros com os agentes naquele dia. Ele é considerado foragido da Justiça.

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