Descrição de chapéu Obituário Carlos Eduardo Santana (1946 - 2024)

Mortes: Engenheiro celebrado como o pai do primeiro satélite brasileiro

Carlos Eduardo Santana serviu o Inpe por mais de 30 anos e fez diferença no programa espacial do país

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São Paulo

Engenheiro eletrônico, Carlos Eduardo Santana é conhecido como o pai do primeiro satélite de coleta de dados desenvolvido no Brasil, o SCD-I.

Mineiro de Passa Quatro, formou-se na PUC do Rio de Janeiro e entrou em 1969 para o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), na cidade de São José dos Campos, a 86 km da capital paulista, onde se aposentou em 1997, mas continuou como funcionário comissionado até 2002, como coordenador-geral de Engenharia e Tecnologia Espacial.

Ao longo dessas quase três décadas, Santana, que também era mestre em telecomunicações pelo Inpe e PhD em eletrofísica pela Universidade de Nova York (EUA), esteve à frente dos inúmeros sistemas espaciais desenvolvidos pelo instituto brasileiro.

Carlos Eduardo Santana (1946 - 2024)
Carlos Eduardo Santana (1946 - 2024) - Arquivo

"Ele viveu apaixonado pela ciência", diz Suely Galhardo de Castro Santana, 76, a sua companheira por 54 anos.

Além do Inpe, Santana foi diretor de projetos da AEB (Agência Espacial Brasileira) e trabalhou como chefe de gabinete do então prefeito Eduardo Pedrosa Cury em São José dos Campos.

Mas o grande xodó do engenheiro foi o SCD-I, que até os dias de hoje opera no espaço. Toda essa longevidade é atribuída pela simplicidade e robustez do artefato.

Com 1,45 m e 115 quilos, o satélite leva menos de duas horas para completar uma volta ao redor do planeta e já realizou mais de 160 mil dessas missões —a sua velocidade é de 28 mil quilômetros por hora.

Santana começou a desenvolvê-lo no final dos anos 1970 e só foi possível levá-lo ao espaço na manhã de 9 de fevereiro de 1993.

"Foi uma luta fazer e, depois, lançar. A história do programa espacial brasileiro deve muito ao Santana. O Brasil passou de mero espectador a atuar", recorda Mario Eugenio Saturno, que começou a trabalhar no Inpe em 1985. "Ele foi muito importante para minha evolução. Repetia a frase, ‘está comigo, está com Deus’", completa o amigo.

O enterro, aliás, foi um acontecimento em São José dos Campos, com a presença de políticos, inclusive a do vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), e do atual prefeito Anderson Farias (PSD), além da classe científica. Entre as várias coroas de flores, destaque para a da AEB que o saudou como "orgulho do programa espacial brasileiro".

Santana morreu no dia 25 de fevereiro em São Paulo, após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo no fígado. Ele deixou, além de Suely, os filhos Carlos Eduardo, Juliana e Renata, e os netos João Lucca, Luiza, Isabela, Beatriz, Sofia e Leonardo.

"Eu perdi um companheiro imenso, extremamente gentil, inteligente", desabafa Suely

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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