Descrição de chapéu Obituário Myrian Sepúlveda dos Santos (1955 - 2024)

Mortes: Largou o curso de medicina para estudar sociologia

Myrian Sepúlveda dos Santos pesquisou discriminação de raça e gênero e era professora da Uerj

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São Paulo

Myrian Sepúlveda dos Santos cursou dois anos de medicina, mas se descobriu como socióloga, pesquisadora e professora.

Dona de uma extensa carreira universitária, escreveu artigos e livros sobre identidade, políticas culturais, museus, Carnaval e relações raciais.

Myrian morreu no dia 17 de março após uma longa luta contra o câncer, deixando três filhos. Doze anos antes ela já havia superado o câncer de mama.

Myrian Sepúlveda dos Santos (1955 - 2024)
Myrian Sepúlveda dos Santos (1955 - 2024) - Arquivo

Largou o jaleco e, como pesquisadora, esteve à frente de projetos como o Museu do Cárcere, documentando o sistema penitenciário, e Museu Afrodigital Rio, onde há exposições sobre as memórias dos escravizados.

Graduou-se em história pela UFF (Universidade Federal Fluminense), concluiu mestrado em sociologia no Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj) e, desde 2018, era professora titular da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

Em seu livro mais recente, "Memória Coletiva e Justiça Social", publicado em 2021 pela editora Garamond, Myrian destrinchou temas como a luta política de negros, indígenas e quilombolas. Também se debruçou sobre os movimentos de vítimas da ditadura militar em busca de reparação.

A socióloga é lembrada pelos colegas de profissão como uma intelectual, e os amigos a definem como uma mulher generosa.

"O Iesp-Uerj se solidariza com a família e os amigos e amigas da grande, generosa, solidária e afetuosa cientista social que foi Myrian Sepúlveda dos Santos", diz a nota de pesar do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj.

Rogério Souza, professor e pesquisador da Universidade Cândido Mendes, destacou no portal da Sociedade Brasileira de Sociologia que Myrian sempre esteve atenta também às discussões sobre as formas de inserção da mulher na academia.

Maria Inês Couto de Oliveira tem Myrian como uma irmã de alma. Ambas tinham 14 anos de idade quando se encontraram pela primeira vez em um colégio na Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro. "Somos amigas desde a primeira semana de aula. Nunca mais nos afastamos", afirma Maria Inês, emocionada.

A amizade resistiu às distâncias, como no período em que Myrian fez doutorado nos Estados Unidos, na New School for Social Research. "Em todas as vezes eu viajei para visitá-la", lembra Maria Inês.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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