Descrição de chapéu Obituário Paulo Totti (1938 - 2024)

Mortes: Mestre no texto, Paulo Totti era referência na imprensa nacional

Um dos fundadores da revista Veja, dedicou 71 anos de sua vida ao jornalismo

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São Paulo

A vida de Paulo Totti se confunde com a história do jornalismo brasileiro. Com 71 anos dedicados à profissão, se tornou referência tanto por seu texto primoroso como pelos ensinamentos passados aos mais jovens.

Totti costumava demonstrar seu amor pela carreira dizendo que o jornalismo era sua cachaça. Ele morreu na manhã desta sexta-feira (26), aos 85 anos, em Salvador, onde estava internado havia dez dias em razão de problemas pulmonares.

"Mesmo em cargos de chefia, o espírito de repórter não o largou nunca. Era um mestre no texto. Ensinava o que ele próprio, como repórter, fazia deliciosamente com sabor e estilo, ao descrever detalhes que pareciam inúteis, mas que ao final completavam um perfil, um cenário ou o caráter de um personagem. Totti era assim. Completo", descreve o amigo e também jornalista Marcelo Pontes.

Paulo Totti (1938 - 2024), à esq. com os filhos João Paulo, Rodrigo e Iúri
Paulo Totti (1938 - 2024), à esq., com os filhos João Paulo, Rodrigo e Iúri - Arquivo pessoal

Gaúcho de Veranópolis, teve a primeira experiência no jornalismo logo aos 14 anos de idade, como redator de notícias da Rádio Municipal de Passo Fundo (RS). Estudante de direito, aos 19 anos foi eleito vice-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e se mudou para o Rio de Janeiro, onde começou a carreira de repórter na Última Hora, de Samuel Wainer. A partir daí, não parou mais.

Transferiu-se para a redação do jornal em Porto Alegre, onde atuou também na Rádio Guaíba. Em 1964, porém, com o golpe militar, foi demitido da Última Hora e teve que passar algum tempo na clandestinidade.

Em 1968, Totti voltou à ativa e fez parte da equipe de Mino Carta na criação da revista Veja. Foi chefe da sucursal da revista na capital gaúcha até 1973, quando passou a integrar a redação de Veja em São Paulo.

Antes da transferência para a capital paulista, porém, chegou a ser preso por atividade considerada subversiva pela ditadura militar. Na prisão conheceu Dilma Rousseff, que viria a se tornar presidente do Brasil de 2011 a 2016, período em que Totti atuou na Secretaria de Comunicação da Presidência.

"O jornalismo brasileiro perdeu um dos seus maiores talentos e um dos mais primorosos repórteres da história do país dos últimos 50 anos. Paulo Totti foi um dos mais íntegros profissionais da imprensa nacional. Um profissional correto e um homem profundamente comprometido com a democracia e com os ideais de justiça social", postou Dilma, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (o banco dos Brics), nas redes sociais.

Totti trabalhou no jornal O Globo em 1976, no Rio de Janeiro, e dois anos depois assumiu a direção da sucursal da Gazeta Mercantil na cidade. Na Gazeta, foi correspondente em Buenos Aires, Washington e Cidade do México.

Como repórter especial do Valor Econômico, recebeu um Prêmio Esso pela série de reportagens "China, o império globalizado", em 2007.

Totti atuou ainda no Jornal do Brasil, na Agência Brasil e nas assessorias de imprensa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Atualmente, fazia artigos semanais para o MyNews.

"Meu pai gostava de um bom papo, e por isso era um contador de histórias. Fazia amizades facilmente, não importava quem fosse", diz Iúri Totti, 59, primogênito do casamento com Marília da Costa Totti, com quem teve mais dois filhos, João Paulo, 56, e Rodrigo, 48.

Paulo Totti deixa também seis netos e a segunda companheira, a jornalista Ana Maria Mandim, com quem estava havia 44 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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