Descrição de chapéu Obituário Violeta Traumann (2002 - 2024)

Mortes: Sonhava com carreira internacional e dominava debates

Violeta era poliglota e amava ler e aprender

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Juazeiro (BA)

Violeta sempre gostou de estar cercada de livros, talvez encontrasse neles seu abrigo. Tinha conhecimentos enciclopédicos. Sabia do isolacionismo norte-americano durante a presidência de Woodrow Wilson e também dos quadrinhos clássicos do Batman e da saga "Senhor dos Anéis".

Tinha facilidade com idiomas. Falava bem inglês e francês, lia em espanhol e estudava mandarim.

"Era uma criança muito precoce. Aos dez anos já estava lendo livros em inglês de 300 páginas. Gostava muito de ler e aprender", diz o pai, Thomas Traumann, 56.

Gabriel Borges Traumann, a Violeta (2002 - 2024)
Violeta Traumann (2002 - 2024) - Arquivo pessoal

Filha do casal formado pelo jornalista Thomas Traumann e pela socióloga Fernanda Borges de Oliveira, 57, Violeta teve ainda um irmão e uma irmã mais novos.

As crianças cresceram em Copacabana, no Rio de Janeiro, fizeram natação no Fluminense e estudaram na Escola Parque. Moraram em Brasília de 2011 a 2014, quando o pai foi ministro da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff (PT).

Ao voltar para o Rio, para a alegria de Violeta, foram matriculados na mesma escola. Lá ela participava dos clubes de debate e colocava em prática suas leituras sobre relações internacionais. Sabia falar dos princípios da ONU, de genocídio, de guerras e de muitos outros temas.

"O desejo dela era trabalhar na ONU ou ser uma consultora de assuntos internacionais", diz o pai.

Mulher trans, foi aos 17 anos que pediu para ser chamada de Violeta. Dizia "eu me sinto uma mulher".

Após o ensino médio, ganhou bolsa para estudar economia e relações internacionais na Universidade George Washington, nos Estados Unidos. "Quando ela foi, contou que seu sonho era ‘juntar Meirelles e Celso Amorim’, uma analogia para dizer que era liberal na economia e achava que o Brasil deveria ter uma diplomacia equidistante de EUA, China e Europa", lembra o pai.

Ficou nos EUA até ter um burnout e voltar para o Brasil no Natal de 2021. Uma depressão a fez ficar um ano dentro do quarto.

Saía muito pouco de casa. Toda semana jogava RPG virtual com um grupo, mas seus interesses sempre divergiam dos de outros jovens da mesma idade.

"Ela tinha essa coisa de se destacar muito nas questões intelectuais, mas ao mesmo tempo era uma pessoa muito fechada, sempre com a sensação de inadequação", afirma o pai.

No ano passado, Violeta voltou a estudar. Estava no segundo semestre do curso de relações internacionais da PUC-RJ.

Violeta foi internada na noite do último sábado (13), após sentir fortes dores abdominais. Com o diagnóstico de pancreatite aguda, chegou a ser intubada, mas teve uma taquicardia e seu coração parou na madrugada de segunda (15).

Deixa os pais, um irmão e uma irmã.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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