Descrição de chapéu violência São Paulo

Região na qual Silvia Poppovic foi atacada no centro de SP tem recorde de roubos

Área inclui bairros de Consolação e Higienópolis; Gestão Tarcísio diz que forças de segurança estão empenhadas no combate à criminalidade no centro

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São Paulo

A área que inclui os bairros da Consolação e de Higienópolis, no centro de São Paulo, registrou no primeiro bimestre do ano o recorde de roubos para o período em 22 anos —desde que a SSP (Secretaria da Segurança Pública) passou a divulgar os dados mensais.

Foram 628 casos registrados em janeiro e fevereiro de 2024 na região do 4° DP (Distrito Policial), que inclui os dois bairros. Isso significa uma alta de 8% em relação aos números dos dois primeiros meses de 2023. O recorde anterior tinha acontecido em 2020, quando foram 605 registros.

A alta contrasta com uma diminuição dos números de roubos registrados no centro de São Paulo como um todo.

Mão com corte e sangue
A mão da jornalista Silvia Poppovic ensanguentada após um assaltante arrancar-lhe um anel, em Higienópolis, região central de SP - Reprodução/Instagram

Higienópolis voltou a aparecer no noticiário policial depois do ataque sofrido pela jornalista e apresentadora Silvia Poppovic, 69, na tarde de domingo (14).

Ela foi atacada enquanto percorria sozinha um trajeto de poucos metros até o prédio onde mora, após almoçar no apartamento de um amigo na mesma rua.

A quantidade de casos pode ser ainda maior devido a possíveis subnotificações, quando a pessoa é vítima de um crime, mas deixa de registrar um boletim de ocorrência.

Localizado na rua Marquês de Paranaguá, o 4° DP é responsável por receber e investigar delitos na Consolação e parte de Higienópolis. Entre áreas consideradas críticas estão a rua Augusta e a praça Roosevelt.

O caso de Silvia Poppovic aconteceu em Higienópolis e foi registrado na unidade. A SSP não divulga os dados por bairros, apenas por Distrito Policial. Por isso, não é possível saber em qual trecho aconteceu a alta de roubos na região.

A reportagem conversou com um delegado que atuou na região. Para ele, o aumento dos crimes nessa área está ligado a atuação de quadrilhas organizadas.

Ainda segundo ele, isso difere de outros pontos do centro, nos quais os roubos em geral são cometidos por pessoas que agem sozinhas, muitas vezes usuários de drogas. .

Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) confirmou que o 4° DP investiga o roubo à jornalista. A pasta, porém, não quis comentar especificamente sobre o recorde de roubos na área.

Em nota, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que as forças de segurança estão empenhadas no combate à criminalidade na região central da capital.

"O reforço do policiamento ostensivo na área da 1ª Seccional [que inclui o 4ºDP] resultou em queda de 28,4% nos roubos e 18,4% nos furtos no primeiro bimestre de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. Além disso, 1.274 infratores foram presos e apreendidos e 36 armas de fogo foram retiradas de circulação. Se considerarmos a região do 4º DP, os furtos em geral caíram 19% no bimestre, ou seja, 316 casos a menos em comparação a 2023", diz a nota da SSP, que é chefiada por Guilherme Derrite.

Segundo roubo em seis meses

Silvia Popovic relatou à Folha que o agressor a segurou com uma gravata de pescoço, chutou suas pernas para a desequilibrar e, com a jornalista já no chão, continuou o estrangulamento.

Arrancou-lhe um anel e na, tentativa de tirar-lhe uma pulseira, provocou cortes na mão da apresentadora. "Eu fiquei toda destruída, toda ensanguentada, no chão, foi um pesadelo", disse ela na noite deste domingo (14). "Pensei que ele iria arrancar a minha mão."

Silvia relatou ter tentado dizer ao homem que ele poderia levar seu celular. "Eu queria que ele parasse de apertar meu pescoço porque eu não conseguia respirar, mas não adiantou, acho que ele estava com pressa", diz. "Foi quando passou um carro e ele se assustou e fugiu, então eu me levantei e corri para o meu prédio."

Há seis meses, ela havia sido vítima de outro roubo, também no bairro onde mora. Enquanto falava ao celular dentro de um táxi, um homem colocou parte do corpo pela janela parcialmente aberta para arrancar o aparelho da mão dela. "Ele ainda bateu no meu rosto com o celular", recorda Silva.

Ela disse esperar que a repercussão do caso leve ao aumento do policiamento. "Não tem uma ronda policial, não tem segurança em um bairro central de São Paulo, imagine como estão estão desassistidas as pessoas que moram na periferia", reclama.

"Eu não quero abrir mão do direito de andar a pé na cidade, não quero sair por aí de carro blindado, sou uma pessoa positiva e que sempre teve esperança que as coisas iriam melhorar, mas parece que estão piorando", desabafa a apresentadora.

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