Chuva volta a Porto Alegre e causa apreensão com nível do Guaíba

A chuva voltou a atingir diversas regiões do Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (10), deixando moradores e autoridades em alerta.

Em Porto Alegre, um dos motivos da apreensão é o nível do lago Guaíba. Pela primeira vez desde o último domingo (5), a água do lago ficou abaixo do nível atingido na enchente de 1941 (4,76 metros), que era o maior já registrado na capital gaúcha. Às 18h desta sexta o Guaíba alcançava 4,71 metros.

As chuvas fortes devem se estender até segunda (13) no estado, e a região metropolitana pode ser uma das áreas mais afetadas. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), há risco de acumulados de mais de 150 mm no centro-leste e no nordeste do estado, o que inclui Porto Alegre.

As enchentes que atingem o Rio Grande do Sul deixaram 126 mortos até as 18h desta sexta-feira, de acordo com boletim divulgado pela Defesa Civil. Há também 141 desaparecidos, 339.928 desalojados (foram obrigados a deixar suas residências e estão na casa de parentes ou amigos) e 71.409 desabrigados (acolhidos em alojamentos). Dos 497 municípios do estado, 441 acabaram afetados pela tragédia climática. O número total de pessoas afetadas já passa de 1,9 milhão.

Também havia, até o início da noite desta sexta, ao menos 152 mil pontos sem energia elétrica e 385 mil imóveis sem água.

Com a chuva, a água voltou a subir também no Aeroporto Internacional Salgado Filho, na capital gaúcha.

Um vídeo que circula nas redes sociais, gravado na quinta-feira (9), mostra que o alagamento no aeroporto quase cobria as aeronaves, em um nível maior que o registrado anteriormente. Uma aeronave que na última semana tinha água na altura do bagageiro, por exemplo, já estava com parte das asas tomadas, de acordo com o site Aeroin.

Apesar da diminuição do nível dos rios Taquari, Caí e Sinos e na região do delta do Jacuí, que também enfrentam cheias históricas, o retorno da chuva pode elevar o volume de água que chega ao Guaíba.

As regiões da serra e dos vales, assim como o centro, o litoral e o norte do estado, estão sob alerta de novas enchentes e chuvas torrenciais. Há risco de queda de granizo e de rajadas de vento de 60 km/h a 100 km/h. O sul de Santa Catarina também pode ser atingido.

A instabilidade deve se intensificar entre este sábado (11) e a segunda. Na terça (14), uma massa de ar seco deve dar uma pausa às chuvas.

Voltou a chover forte também nos municípios do Vale do Taquari, no centro do Rio Grande do Sul. O fenômeno é causado pela nova frente fria que chegou ao estado nesta sexta.

Com a volta da chuva, cresce o receio de que ocorram deslizamentos de terra na região. Em Lajeado, por exemplo, duas das cinco principais estradas estão bloqueadas.

"Se for confirmado esse volume de chuvas para esse período até segunda-feira, certamente alguns caminhos que já foram restabelecidos [nas rodovias], mesmo que com certa dificuldade, podem voltar a ter problemas. A terra está nua, e o risco de deslizamento é real", afirmou nesta sexta o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.