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Reclamações contra ônibus municipais em SP aumentam 29% em um ano

Gestão Ricardo Nunes diz que SPTrans fiscaliza sistema 24 horas por dia e que aplicou 307 mil multas às empresas

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São Paulo

As queixas de usuários de ônibus urbanos na cidade de São Paulo cresceram 29,3% em 2023, em relação ao ano anterior. Ao todo foram registradas 77.254 reclamações, uma média de 211 por dia.

A informação consta em relatório da SPTrans divulgado na segunda-feira (29). O documento contabiliza as reclamações feitas no serviço 156, da Prefeitura de São Paulo.

Questionada, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) não informou qual é o principal motivo das queixas registradas, mas disse que a SPTrans fiscaliza rigorosamente, 24 horas por dia, a operação do sistema de transporte público coletivo na cidade.

Movimentação de passageiros no terminal Tatuapé, na zona leste de SP, no primeiro dia de tarifa zero nos ônibus da capital - Zanone Fraissat - 17.dez.2023/Folhapress

No primeiro trimestre de 2023, as reclamações eram motivadas principalmente pelo intervalo excessivo entre uma condução e outra, segundo a SPTrans. Em seguida apareciam queixas sobre comportamento inadequado do motorista, cobrador ou fiscal e motorista que não atende sinal de embarque/desembarque.

Rafael Calabria, coordenador de mobilidade urbana do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), destaca que desde então não houve nenhuma mudança ou facilitação nos canais municipais de denúncia.

"O canal de reclamação não é simples, o usuário precisa identificar o prefixo do ônibus, o sentido, o horário da viagem. É um sistema bem burocrático, que não foi alterado nos últimos meses. O aumento de queixas é um reflexo do incômodo dos passageiros com o serviço", afirma.

Calabria diz ainda que outros levantamentos e informações da SPTrans indicam que o descontentamento da população está relacionado à menor circulação de veículos na cidade. "A frota de veículos está caindo, o tempo de espera está mais alto."

Em nota, a SPTrans afirma que adota medidas operacionais e de planejamento para "dar maior fluidez ao transporte público na capital" e ressalta que a gestão Nunes criou 52 km de faixas exclusivas para ônibus, além de ter aplicado 307 mil multas às operadoras das linhas quando foram constatadas irregularidades.

Para Calabria, a visão da gestão Nunes sobre controle, fiscalização e acompanhamento dos contratos é insuficiente para oferecer um serviço de transporte coletivo de qualidade em São Paulo.

"A prefeitura alega que está fazendo o que lhe compete, fiscalizar e multar. Mas isso não é suficiente. A gestão municipal é responsável por emitir as ordens de serviço, ou seja, ela pode exigir maior frequência dos veículos nas linhas e garantir melhor qualidade para os passageiros", diz o especialista.

"Quanto menor a qualidade, menor o número de passageiros. Porque aqueles que têm condição de recorrer a outras opções, vão usá-las. O problema é que, em uma cidade como São Paulo, a prefeitura deveria promover o transporte público, não desestimulá-lo", acrescenta Calabria.

A gestão Ricardo Nunes também avançou pouco na promessa de ampliar os corredores de ônibus pela cidade. A proposta era entregar mais 40 km em quatro anos, mas, até o fim de 2023, apenas 6,8 km tinham sido feitos.

EMPRESAS INVESTIGADAS

No início deste mês, foi deflagrada uma operação para desarticular uma organização ligada a duas empresas de ônibus suspeitas de lavar dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Batizada de Fim da Linha, a operação mirou a Transwolff e a UPBus, responsáveis pelo transporte de ao menos 700 mil passageiros por dia na capital paulista e que receberam mais de R$ 800 milhões de remuneração da prefeitura em 2023, segundo o Ministério Público. Por ordem da Justiça, o prefeito Ricardo Nunes nomeou interventores para comandar as duas companhias.

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