Descrição de chapéu Obituário Eduardo Soares Netto (1936 - 2024)

Mortes: Viveu brincando e tinha 'eu te amo' na ponta da língua

Eduardo Soares Netto fez de alegria e piadas suas marcas registradas

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São Paulo

Eduardo Soares Netto pintava quadros assim como tocava caixinha de fósforo nas cantorias com os amigos. Sem estudar arte ou aprender a tocar instrumentos musicais pelo caminho formal, usava a inspiração vinda da sua alegria, dom inato que transformava qualquer tarefa em brincadeira.

Até quando devia ser mais firme com os três filhos, para cobrar estudo ou coisa parecida, brincava e acabava levando bronca também da mulher, Maria Elena Soares, 88.

As travessuras do pai também sobravam para os filhos. "A gente gostava muito de fazer juntos os quebra-cabeças de mil peças", diz a filha Renata Netto, 57. "Ele sempre levava no bolso algumas peças quando saía para o trabalho, para a gente não terminar. Quando chegava, de noite, encaixava as últimas pecinhas."

eduardo (à esquerda), é branco, tem cabelos grisalhos, usa camiseta branca e é fotografado sentado no sofá, abraçado por maria elena, branca, cabelos pretos, usa blusa laranja. eles sorriem para a foto
Eduardo Soares Netto (1936 - 2024) - Arquivo pessoal

Maria Elena e os filhos Renata, Adriana, 61, e Luis, 60, eram seus maiores tesouros, e Eduardo fazia questão de lembrá-los, sem economizar, dizendo "você sabe que te amo muito?"

Nascido em 1936 e criado em São Paulo, era o caçula do trio com Carmen e Consuelo, já falecidas. As amizades sempre foram duradouras das brincadeiras de infância em Higienópolis à vida adulta no Brooklin e na Vila Madalena.

Depois de terminar a escola, formou-se em economia, mas suas habilidades o levariam para outros caminhos. Assim como foi músico e pintor do seu jeito, também não se encaixou em jornadas de trabalho fechadas dentro de um escritório.

"Escritório, para ele, era uma coisa complicada", diz Adriana. Assim, Eduardo tornou-se representante comercial, trabalho que permitia muita conversa e horários próprios, e depois foi corretor de imóveis.

Apaixonado pela vida, era derretido pela mulher. Foram apresentados na juventude, segundo Adriana, por tia Juju, apelido de Carmen, que era amiga de Maria Elena. E nunca mais se desgrudaram.

A combinação era tão inusitada quanto harmoniosa. Enquanto Eduardo era extrovertido, boêmio e sonhador, a mulher sempre foi recatada, caseira e pé no chão, segundo a filha Renata. Tinham a mesma idade, mas ela faz aniversário em 1º de janeiro. Como o dele era seis meses depois, brincava que "era muito, muito mais novo" do que a esposa.

A tranquilidade e o carinho de pai não significavam deixar as responsabilidades de lado. Sempre apoiou e incentivou os filhos e corria para completar a maratona diária de levar ou buscar nas atividades de judô ou natação —ainda descolava um tempo para assistir aos jogos do São Paulo com Luis.

Fã de pescaria e tênis, Dudu saiu de fininho e com a saúde boa, segundo a filha Renata. Ele morreu em 25 de maio, aos 87 anos, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Deixa Maria Elena, os três filhos e seis netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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