Polícia Civil faz megaoperação em hotéis da cracolândia usados pelo PCC em SP

Locais serviam de centrais de drogas e pontos para lavagem de dinheiro da facção, segundo investigação

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São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo realizou uma megaoperação na manhã desta quinta-feira (13) contra um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro que usava hotéis e pensões na cracolândia, na região central de São Paulo. Foram presas 14 pessoas, de acordo com a Polícia Civil.

A ação visava cumprir 140 mandados de busca a apreensão contra investigados. Cerca de 30 hospedagens usadas, segundo a investigação, como pontos de distribuição de drogas do PCC, foram fechadas.

As 14 pessoas foram presas em flagrante com drogas e armas ou eram procuradas. Duas foram presas com 30 celulares com queixas de roubo e furto. Além disso, dois dos presos estavam na cidade de São Lourenço da Serra em um laboratório de drogas. O local foi descoberto a partir de anotações encontradas durante as buscas e apreensões. No total, R$ 27 mil em espécie foram aprendidos.

Policiais civis em hotel na região central durante operação

De acordo com o delegado Carlos César Castiglioni, as investigações começaram há mais de um ano. A equipe descobriu que, além de a facção usar as hospedagens para distribuir as drogas, ela também lavava dinheiro com os imóveis. As contas bancárias utilizadas pela quadrilha foram bloqueadas por ordem da Justiça.

"A gente só tá entrando em local de fato que os hóspedes só se registram com prenome, com apelidos, esse tipo de coisa. A gente já encontrou joias, encontrou dinheiro, contabilidade do tráfico, muito celular produto de furto", afirmou Castiglioni.

A ação, que é a 3ª fase da operação batizada de Downtown, foi realizada por Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes) e 4ª Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes), com apoio do Dope (Departamento de Operações Policiais Estratégicas), Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo). Cerca de 400 policiais estão envolvidos nas buscas.

A 1ª fase da operação foi deflagrada em 14 de junho de 2023, quando foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão e 33 presos. A 2ª fase ocorreu no dia 4 de junho, quando 13 mandados de busca e apreensão foram cumpridos e cinco pessoas foram presas.

Na fase atual, segundo Guilherme Derrite, secretário da Segurança Pública, o objetivo é asfixiar financeiramente o crime organizado.

"Essa 3ª fase, a gente julga que é a mais importante porque nós estamos juntando as peças do quebra-cabeça do ecossistema financeiro do crime organizado. O objetivo é comprovar o que apontamos na 1ª e 2ª fase, comprovar a participação dessas empresas [hotéis] na lavagem de dinheiro. São empresas utilizadas pelo crime organizado justificando saídas de dinheiro que não existem, para depois chegar em outras empresas um montante milionário de recursos, que está sendo comprovado pela investigação, que é dinheiro do tráfico", explicou Derrite.

De acordo com Ronaldo Augusto Sayeg, diretor do Denarc, as investigações comprovam o uso dos hotéis pelo PCC para distribuir drogas e lavagem de dinheiro.

"Seguimos o dinheiro e, hoje, podemos afirmar que essas hospedagens funcionam não só como local de armazenamento e distribuição de drogas, mas também como ponto de partida para operações de lavagem de dinheiro. Conseguimos fazer um raio-x de como o dinheiro entra, ficticiamente essa movimentação para que no final deságue em algumas empresas controladas pelo crime organizado", explicou Sayeg.

Ainda segundo Sayeg, 28 contas de pessoas físicas e jurídicas de pessoas ligadas ao esquema do PCC foram bloqueadas pela Justiça.

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