Apontado como um dos principais homens do Comando Vermelho, William Sousa Guedes, 35, o Corolla, foi preso nesta quarta-feira (3) no Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, enquanto visitava a família.
O suspeito tem 54 anotações criminais, entre elas o homicídio de um policial, e é apontado como um dos líderes das disputas territoriais na zona norte da cidade, além de participar da expansão da facção para a zona oeste.
Em vídeos obtidos pela Polícia Civil, ele aparece em treinamentos para essas disputas. Em uma das gravações, ele corre em uma esteira vestindo um colete balístico e portando um fuzil. Em outra, treina disparos e progressão em um terreno.
A advogada de Corolla compareceu à delegacia, mas não respondeu aos contatos da reportagem. O suspeito passará por audiência de custódia nesta quinta (4).
De acordo com Marcus Amim, secretário da Polícia Civil, a prisão do suspeito deve ter consequências na diminuição de tiroteios.
"O cara que sai e vai realizar esse enfrentamento não é qualquer pessoa da facção. Não basta querer, não basta ter vontade, [então] ele acaba se especializando", disse o secretário, em entrevista coletiva. "É um indivíduo conhecedor de enfrentamentos entre facções. Esse tipo de peça, quando se retira, a recomposição é muito mais difícil, e com certeza há um arrefecimento da guerra", acrescentou.
Corolla ganhou importância na facção quando Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, saiu da prisão, em 2021, e deu a ele o comando da favela de Manguinhos, destituindo o então líder.
De acordo com a polícia, quando a cúpula do CV detida em presídio federal ficou sabendo das mudanças, que teriam ocorrido sem consulta prévia, determinou que Abelha saísse do comando externo da facção e recolocou as antigas lideranças no comando das comunidades.
Corolla foi morar no Complexo do Alemão, com cerca de 50 homens que comandava.
Lá, Edgar Alves, o Doca, chefe do tráfico que teria traçado a estratégia de expansão do CV para a zona oeste, determinou que Corolla coordenasse o avanço para o morro dos Macacos, favela de influência do TCP (Terceiro Comando Puro).
Desde 2023 ocorrem constantes tiroteios no morro dos Macacos. O objetivo da facção seria obter lucro não só com a venda de drogas, mas também com a taxação do comércio e da internet, por exemplo, adotando práticas de milícia, segundo a polícia.
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