Descrição de chapéu Obituário Fernando José Rêgo (1941 - 2024)

Mortes: Comandou filarmônica no sertão e compôs valsas para os filhos

Fernando Rêgo foi maestro de bandas e orquestras e formou novos músicos em sua região

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Juazeiro (BA)

Todo 21 de setembro, aniversário de Petrolina (PE), Fernando Rêgo acordava bem cedo para ver a Philarmônica 21 de Setembro passar. Os músicos paravam em sua porta e prestavam homenagens ao maestro que foi seu regente.

Rêgo começou na banda aos 14 anos. Entre 1997 e 2011 foi o maestro, e tocou até se aposentar, em 2015. Dois anos depois, em 2017, a saudade o fez voltar.

Em paralelo, também teve uma orquestra de frevo e um grupo de seresta. Fez parte do Conjunto Sambossa e formou a orquestra Madrigal Soares.

Um músico idoso está tocando saxofone. Ele usa um chapéu dourado brilhante e uma gravata borboleta rosa. Ao fundo, é possível ver outros instrumentos musicais e músicos. A iluminação é suave, criando um ambiente festivo.
Fernando José Rêgo (1941 - 2024) - Arquivo pessoal

Seu gosto pelas orquestras de baile se refletia nos repertórios. "Ele foi o grande responsável por inserir canções populares na filarmônica", diz o atual maestro, Helio Lima, 45.

Na região, então sem escola de música, foi pioneiro na formação de novos profissionais. "É difícil encontrar alguém por aqui que tenha algum trabalho com música que não tenha passado por suas mãos", afirma a professora de música Franciane Dias, 35.

Fernando José Rêgo nasceu em 1941, em uma família de músicos. Seu pai era da Philarmônica 21 de Setembro e ele acompanhava os ensaios desde pequeno.

O menino foi criado pela tia Clotildes, que o adotou para evitar que ele tivesse o fim trágico de seus irmãos, vítimas tuberculose. Teve de trabalhar cedo para ajudar em casa, mas nunca abandonou a música. E ainda formou-se em história.

Foi casado por 47 anos com Maria do Socorro, que conheceu ao tocar nas festas e com quem teve cinco filhos. Ficou viúvo há 15 anos.

Para cada herdeiro dedicou uma composição. Seu primeiro CD inclui a valsa "Rosângela", nome de sua primogênita. Entre suas anotações foram encontradas outras três valsas e um samba, com os nomes dos demais.

Três de seus filhos tocam instrumentos, mas só o caçula seguiu seus passos. Alan Charles hoje faz parte da Philarmônica 21 de Setembro.

Deixar a família nunca foi opção. Era isso que dizia ao recusar os convites que recebia para tocar fora.

"Ele realizou dois sonhos na vida. Em setembro, tocou com Geraldo [Azevedo]. O outro foi tocar com Odésio Jericó. O terceiro não deu tempo, que era formar outra orquestra. Chegou a ensaiar, mas não deu certo", diz a filha Ana Vicência Rêgo, 51.

O maestro morreu no último 16 de maio, aos 82 anos, na mesma cidade em que nasceu e formou dezenas de músicos, após uma parada cardiorrespiratória.

Deixa cinco filhos: Rosângela, 60, Ronaldo, 58, Joaquim Plínio, 56, Ana Vicência, 51, e Alan Charles, 49. Também ficam os netos Luiz Fernando, 25, Alisson Fernando, 23, Lara Fernanda, 33, Lariza Flávia, 30, Alana, 21, e Ana Beatriz, 15; e as bisnetas Valentina, 4, e Ana Julia, 2.

Seu velório, no clube Sociedade 21 de Setembro, contou com homenagens da Philarmônica 21 de Setembro e da Banda da Polícia Militar da Bahia. O filho Alan tocou a canção "Amigos Para Sempre" no saxofone.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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