Descrição de chapéu Obituário Dulce Maria Peixoto (1930 - 2024)

Mortes: Depois de deixar o convento, fez história como professora

Educadora do interior de São Paulo, Dulce Maria Peixoto também viajou o mundo e torcia pelo Corinthians

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São Paulo

Dois capítulos dividem a história de Dulce Maria Peixoto. O primeiro deles relata a reclusão em um convento de freiras. O outro tem uma vida social intensa. Os dois são ligados pela importância da boa educação.

Filha de comerciante, Dulce nasceu em um bairro da zona rural de Jundiaí, cidade do interior paulista a cerca de 60 km da capital.

Estudiosa, ainda jovem, entrou para o convento, onde ficou por quase quatro décadas e acabou conhecida como irmã Maria Elisa.

Idosa com roupa florida e cabelos curtos grisalhos, senstada
Dulce Maria Peixoto (1930 - 2024) - Leitor

"Lembro que uma vez ela veio nos visitar com um chapelão e hábito longo, mas não entrou em casa por causa das regras que precisava seguir", conta a sobrinha Denair Aparecida Bertassi Pilon.

A freira fez trabalhos sociais importantes, quase sempre ligados ao ensino, mas aos 40 anos de idade resolveu deixar o hábito, voltou a ser simplesmente Dulce Maria e foi morar com a irmã Zulmira.

No início dos anos 1970 veio a virada. A mulher, que desde a infância valorizava a importância dos estudos, decidiu prestar vestibular —tornou-se professora de estudos sociais e geografia.

Por 35 anos foi docente do Divino Salvador, tradicional colégio católico de sua terra natal. "Era comum ser reconhecida pelos alunos que passaram pelas suas aulas", diz a sobrinha, que morou com as tias na adolescência —e foi educada por elas.

Os anos no convento a fizeram se abrir para o mundo. Viajar era uma espécie de adoração. Foi várias vezes para a Europa e repetiu visitas a países como Itália e França. Trouxe lembrancinhas de um mercado na Turquia.

Extremamente organizada, documentava suas viagens em catálogos, com recordações que iam das passagens às fotos com descrições.

Corintiana fanática, certa vez foi na garupa da moto de um sobrinho assistir a um jogo da equipe no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Ela estava sempre disposta para um chope com os amigos e não costumava faltar aos almoços em família aos domingos. "Ela sempre vinha à minha casa tomar caipirinha", diz Denair.

O quiosque de seu grande quintal foi ponto obrigatório de parentes e pessoas próximas. Seus aniversários eram inesquecíveis.

Dulce foi uma pessoa independente. Se sua casa precisasse de alguma manutenção, era ela mesma que fazia o conserto, ou providenciava a contratação de profissional.

Mesmo com a chegada da idade, nunca parou de aprender. A sobrinha lembra que a tia estudou informática quando já havia passado dos 70 anos.

A segunda parte de sua vida foi longa. Dulce Maria Peixoto morreu no último dia 20 de maio aos 94 anos. Ela não se casou, mas deixou ensinamentos como herança para gerações de alunos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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