Descrição de chapéu Obituário Carmen Bobbio Guasti (1920 - 2024)

Mortes: Médica e dentista, foi voluntária no Patronato dos Imigrantes Italianos de SP

Carmen Bobbio Guasti viveu 103 anos sempre com serenidade, lucidez e altruísmo

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Curitiba

Carmen Bobbio Guasti nasceu em 1920, na cidade de Cuneo, em Piemonte, Itália. Filha do italiano Luigi Bobbio e da russa Eugenia Burago Bobbio, teve infância e adolescência felizes, mas de muitas mudanças, ocasionadas pela profissão do pai, general do Exército.

"Viveu alguns anos da sua juventude em Trípoli, na Líbia, durante a colonização italiana no país.

Ela costumava contar que andava a cavalo pelas dunas do deserto do Saara com suas amigas. Falava dos bailes, nos quais levavam cadernetas para anotar o nome dos rapazes que as tiravam para dançar", afirma o filho, Andrea Guasti.

No início da Segunda Guerra voltou com a família para a Itália, em Gênova, onde o pai assumiu um importante cargo. Lá, formou-se em medicina e odontologia.

Imagem mostra um homem e uma idosa posando juntos. A mulher, com cabelo curto e castanho claro, usa uma blusa amarela e colares. O homem, com cabelo grisalho, veste uma camisa cinza. Eles estão sorrindo e parecem estar em um ambiente interno, com luz suave ao fundo
A médica Carmen Bobbio Guasti junto ao filho Andrea Guasti; ela morreu no 28 de junho, aos 103 anos - Arquivo pessoal

"Estudou entre os bombardeios da guerra, tinha que sair correndo das aulas para os abrigos subterrâneos. Foram estudos muito duros, era difícil a formação de uma mulher naquela época. Mas ela conseguiu", diz o filho.

Carmen se casou com o empresário italiano Augusto Guasti e, na década de 1950, mudaram-se para São Paulo, onde ele administrava uma empresa de terraplanagens. No Brasil, tiveram seu único filho, Andrea. "Com eles, vieram os irmãos e muitos amigos, então a família se estabeleceu muito unida."

Em São Paulo, foi voluntária no Patronato Assistencial Imigrantes Italianos (Convita) por 30 anos, administrando a farmácia e auxiliando no ambulatório. "Ela cuidava dos remédios. Como sabia grego e latim, via as receitas estrangeiras e conseguia adaptar o tratamento aos remédios disponíveis", afirma Andrea. "O que ela queria era ajudar os mais necessitados."

Entre seus ensinamentos estava: "No fim da vida, o mais esperto é o honesto". "Sempre tivemos uma ética muito forte, a honestidade foi um princípio importante na nossa família", diz o filho.

Ele destaca os Natais em família, quando todos ganhavam casacos lindos produzidos por Carmen. "Ela fazia muito tricô e crochê. Era o hobby dela. Também gostava de palavras cruzadas, inclusive em italiano. Tudo isso ajudou a cabeça dela a ficar totalmente boa. Até o fim da vida ela estava consciente e lúcida."

Serenidade era uma de suas grandes qualidades. "Todos os impasses e problemas que apareceram, ela atacou de forma positiva e firme. Viveu uma vida intensa, mas muito séria. Mudar de país e começar tudo de novo não é brincadeira", ressalta Andrea.

Nos últimos dez anos viveu em casa e "foi apagando devagarzinho, não tinha nenhuma doença". Morreu de causas naturais, em 28 de junho, aos 103 anos. Deixa o filho, a nora e dois netos. "Será sempre lembrada pela sua sabedoria, bondade e disposição de ajudar no que for necessário."

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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