Na Mooca, bairro de influência italiana da zona leste paulistana, futebol é assunto para toda hora em qualquer esquina. E onde o menino Fábio Serodio pegou gosto pelo esporte.
Filho de torcedor são-paulino, neto de palmeirense e sobrinho de corintiano, foi lá que o garoto aprendeu cedo a ouvir e, principalmente, a falar de futebol.
Até arriscou dar alguns dribles no Juventus, clube centenário do bairro de nascimento do menino, mas a avó ia buscá-lo para estudar e a carreira de jogador não vingou. Nem por isso a bola deixou de ser seu ganha-pão.
Serodio se tornou um conhecido jornalista esportivo da cidade de São Paulo. Por mais de 20 anos, os torcedores do Corinthians acostumaram-se a ouvir o repórter da rádio Jovem Pan contar as novidades do Timão. Depois de ter deixado a emissora, trabalharia como assessor de imprensa do clube.
Formado em economia antes de cursar jornalismo, no início ocupou empregos administrativos. Mas como tinha o costume de anotar fichas de jogos, seu seu arquivo de futebol o aproximou da emissora de rádio.
"Ele tinha todos os resultados anotados", afirma a mulher do repórter, a artista plástica Cristina Basile Quadrado Serodio, 53.
Se os jogos aos domingos o impediram de passar vários Dias dos Pais com a filha Aline, foi graças a torneios de pré-temporada do Corinthians nos EUA que Serodio aproveitou para levar a família à Disney.
Em outras de suas férias, percorreu a Europa de carro em busca de lugares diferentes do convencional. Na hora de definir o roteiro, escolhia primeiro os estádios que iria visitar.
Entretanto, o mundo não gira em torno de uma bola. Ele também gostava de romances e obras de ficção. Recentemente, leu a biografia de Sigmund Freud (1856-1939).
Era bom debatedor de política e economia. Aposentado, nos últimos tempos dividia o programa Futebol em Rede, que mantinha com o amigo e ex-companheiro de Joven Pan Luís Carlos Quartarollo.
Em novembro passado descobriu um câncer no cérebro. De lá para cá, passou por tratamento, assistiu a jogos na TV com os dois irmãos e fez seu último pedido.
Fábio dos Santos Serodio foi velado com as bandeiras do São Paulo e do Flamengo, os times para os quais torcia, graças ao pai, e que talvez os ouvintes corintianos nunca tenham desconfiado.
Morreu no último dia 15 de agosto, aos 59 anos. Deixou a mulher e a filha.
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