Descrição de chapéu Obituário MANOEL JOAQUIM DOS SANTOS (1938 - 2024)

Mortes: Era figura cativa na festa de Iemanjá em Salvador

Manoel Joaquim, o Manteiga, foi presidente da colônia de pescadores do bairro Rio Vermelho

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Juazeiro (BA)

Há mais de cem anos, todo 2 de fevereiro, o Rio Vermelho, em Salvador, é tomado por milhares de devotos de Iemanjá. Nas homenagens à rainha do mar, presentes são entregues em balaios que saem da colônia de pescadores do bairro. Durante décadas, o pescador Manteiga foi o responsável pela organização da festa.

"Iemanjá é mãe. Tudo que eu peço, ela me ajuda", dizia o ex-presidente da colônia. No dia anterior ao evento, ajudava como podia —tirava palha de coqueiros para enfeitar o barracão e ajudava na arrumação das oferendas. Por causa de seus trabalhos, recebeu um diploma de honra ao mérito concedido pela Central de Entidades do Rio Vermelho.

Idoso está sentado em uma estrutura de concreto, com os braços apoiados em uma coluna. Ele usa uma camiseta branca e um boné azul. Ao fundo, há uma mulher sentada, também olhando para o mar. O cenário apresenta uma vista do oceano, com rochas e vegetação visíveis na costa sob um céu claro
Manoel Joaquim dos Santos (1938 - 2024) - Arquivo pessoal

Manteiga era considerado o pescador mais velho da Colônia de Pesca Z1, onde passou quase toda a vida. Acordava cedo para ir em busca de pititingas, pequenos peixes que são usados como isca. Sua pescaria era com tarrafa, não aceitava os novos métodos que prejudicam a reprodução das espécies em nome do lucro.

"Sempre foi um cara calmo, não era de confusão. Era muito amigo", afirma o pescador Francisco de Assis Conceição, 77.

Durante mais de três décadas, Manteiga também teve a honra de pilotar a galeota Gratidão do Povo. A embarcação faz a tradicional procissão marítima do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, no primeiro dia do ano, na praia de Boa Viagem da capital baiana.

Manoel Joaquim dos Santos nasceu em Valença (BA). Chegou a Salvador aos 12 anos, quando sua mãe se mudou para o Rio Vermelho. Foi no boêmio bairro que se aproximou dos pescadores, começou a aprender o ofício e passou a frequentar sua colônia.

O apelido Manteiga vem da mesma época, pois quando menino chorava demais e diziam que ele se derretia.

Era, como todo bom pescador, um ótimo contador de histórias. Dizia que pegou seu maior peixe ainda jovem, quando acompanhava um colega experiente na madrugada. O tamanho era de uma pessoa e pesava mais de 30 kg. Contava que precisou de ajuda para puxá-lo para dentro do barco.

Com o avançar da idade, se aposentou e já não pescava mais. Morava sozinho no bairro Nordeste de Amaralina, mas mantinha o costume de visitar a colônia, frequentar as festas e observar o mar.

O pescador foi vítima de uma pneumonia que se agravou e causou insuficiência respiratória. Morreu no dia 2 de julho, data da Independência do Brasil na Bahia, aos 86 anos.

Manteiga não se casou nem teve filhos. Deixa muitos amigos e histórias para as próximas gerações de pescadores.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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