Descrição de chapéu Brasília

Incêndio volta a crescer no Parque Nacional e Brasília fica coberta de fumaça

Bombeiros aquartelaram 500 agentes e 700 hectares já foram destruídos pelas chamas

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Brasília

O incêndio de grandes proporções que começou neste domingo (15) no Parque Nacional de Brasília, conhecido também como parque da Água Mineral, voltou a ganhar corpo nesta segunda-feira (16), cobrindo a capital federal de fumaça.

Segundo agentes de combate às chamas do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), e do corpo de bombeiros, 700 hectares já foram queimados.

"O combate ao fogo já está empatado. As chamas diminuíram muito ontem [domingo], no final do dia, mas voltaram a crescer hoje [nesta segunda], por causa da temperatura, a diminuição da umidade relativa do ar. Olha o tamanho da coluna de fumaça. A gente ainda não controlou a propagação", afirma João Paulo Morita, coordenador de manejo integrado do fogo do ICMBio.

Fumaça domina o cenário em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

No total, 94 agentes, de diversos órgãos, atuam no combate às chamas, e 500 bombeiros estão aquartelados, aguardando possível acionamento para auxiliar nas ações.

O incêndio até agora danificou plantas do cerrado, que se recuperam relativamente rápido, mas também a chamada mata de galeria, que protege os rios e causa mais preocupação em ambientalistas pois, além de ser mais sensível ao calor, sua destruição também coloca em risco a bacia hidrográfica da região.

Os agentes realizam sobrevoos periódicos para monitorar a situação, e ainda não há expectativa de quando as chamas serão extintas. O governo do Distrito Federal permitiu a suspensão de aulas, caso necessário, em razão da fumaça que cobre a cidade, e outras medidas devem ser tomadas ao longo do dia.

A expectativa dos agentes é também pela chegada de mais brigadistas, uma vez que é provável que a operação continue nos próximos dias.

Incêndio de grandes proporções no Parque Nacional de Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

"O corpo de bombeiros vai disponibilizar mais pessoal, a gente está trazendo pessoas de outros lugares. A gente precisa de mais pessoas, inclusive para dar descanso para estes que estão aqui. Porque amanhã tem mais", diz Morita.

O combate conta ainda com aeronaves e drones, e a Polícia Federal foi acionada para investigar a causa do incêndio —provavelmente criminosa.

O presidente do ICMBio, Mauro Pires, afirmou no domingo que o incêndio apresenta indícios de ser criminoso. Segundo ele, o fogo iniciou-se próximo à Granja do Torto e rapidamente se alastrou para dentro do parque por causa do clima quente e seco.

"A causa do incêndio é sem dúvida criminosa. Começou na divisa da Granja do Torto e adentrou ao parque", disse à Folha.

Segundo os agentes, os indícios que se tem até o momento apontam que o fogo começou no limite do parque, do lado de fora.

O parque é uma unidade de conservação importante para a proteção dos rios que abastecem a região.

Além de seu papel ambiental, o local atrai muitos visitantes, especialmente por suas piscinas naturais, que são uma das principais atrações turísticas da área.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, sobrevoaram a área.

"Neste domingo, juntamente com a Janja, sobrevoei o Parque Nacional afetado por um incêndio de grandes proporções, como tantos que têm ocorrido por todo o país. O governo federal está atuando junto com o Corpo de Bombeiros do DF para ajudar no combate às chamas", disse em suas redes sociais.

O presidente Lula convocou nesta manhã a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o núcleo de governo para discutir mais ações contra a emergência climática.

Marina, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) foram chamados e participaram da reunião semanal de articulação política do governo, na manhã desta segunda-feira (16).

Também participaram integrantes do Ibama e do ICMBio. Normalmente, apenas os ministros do núcleo político, Fernando Haddad (Fazenda) e lideranças do governo no Congresso se reúnem com Lula no início da semana.

O ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou, em decisão assinada também neste domingo, o governo a abrir créditos extraordinários para o combate às queimadas na amazônia e no pantanal, realizando despesas fora do limite de gastos do arcabouço e da meta fiscal.

No texto, Dino fala em medida "sem cômputos para tetos ou metas fiscais" até o fim do ano, exclusivamente para "fazer frente à grave ‘pandemia’ de incêndios e secas na Amazônia e no Pantanal".

Após meses de seca, boa parte do Brasil registrou chamas em agosto. No último mês, a área queimada no país foi de 56.516 km², segundo o Monitor do Fogo da plataforma MapBiomas. A intensificação da crise climática nas últimas semanas pressiona serviços básicos, como fornecimento de energia e água.

"Realço que tal providência, se adotada, ocorrerá sob o controle dos Poderes Legislativo (quanto à aprovação final do montante contido em medida provisória) e Judiciário (quanto à efetiva aplicação), observando-se rigorosamente todas as regras constitucionais de transparência e rastreabilidade, bem como as demais leis", acrescenta.

Esse tipo de crédito fica fora do limite de gastos para atender despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.

"Ao lado da necessidade de arcabouço administrativo hígido e impessoal, encontra-se a exigência primária de manutenção do meio ambiente como salvaguarda da própria vida dos administrados (atuais e futuras gerações)", diz trecho do documento de 40 páginas.

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