Ministério anuncia R$ 400 milhões para implementar novo ensino médio

Verba será destinada a até 5 mil escolas, segundo o governo

Laís Alegretti
Brasília

O Ministério da Educação anunciou nesta quinta-feira (4) que vai destinar R$ 400 milhões para até 5 mil escolas implementarem o novo ensino médio até 2020.

O dinheiro poderá ser utilizado para adequação de infraestrutura, compra de equipamentos —como laboratórios e kits pedagógicos —, implementação de projetos pedagógicos e formação de professores.
“Para escolha das escolas, haverá priorização em relação ao índice socioeconômico”, disse o ministro da Educação, Rossieli Soares.

Alunos de colégio estadual Maestro Fabiano Lozano, na Vila Mariana, em São Paulo
Alunos de colégio estadual Maestro Fabiano Lozano, na Vila Mariana, em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Uma escola com mil estudantes receberá cerca de R$ 200 mil, segundo o governo. 

O pagamento será feito em três parcelas, segundo Soares. A primeira delas, com 20% do valor destinado à cada escola, será feito em 2018.

Considerando o potencial de 5 mil escolas, serão beneficiados 1,6 milhão de estudantes do ensino médio, de acordo com o ministro.

Em evento no Palácio do Planalto, o Ministério da Educação também anunciou que vai disponibilizar outros R$ 200 milhões para pesquisa de avaliação do impacto da implantação das escolas de ensino médio em tempo integral. 

A verba será destinada, ainda neste ano, a escolas que vão adotar o tempo integral em 2019. O montante será proporcional, segundo o governo, à quantidade de alunos matriculados: R$ 2 mil anuais por estudante. 

As escolas pré-selecionadas têm em comum, segundo o governo, a alta vulnerabilidade socioeconômica e o mínimo de cem alunos matriculados no ensino médio.

O presidente, que também participou do evento, fez um discurso para defender que o correto é afirmar que não há caminho fora da Constituição Federal e que o país deve romper um "ciclo perverso" de mudar o Estado a cada duas ou três décadas.

IDEB

Os resultados dIdeb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2017, anunciados em setembro deste ano, confirmam a tendência já visualizada nos últimos anos da educação brasileira. Os resultados são melhores no primeiro ciclo do ensino fundamental, perdem força no ciclo final dessa etapa e praticamente ficam estagnados no ensino médio.

Parte do diagnóstico desse desafio aponta para o fato de que os alunos já chegam nesta etapa com grandes defasagens. Sobretudo pelas dificuldades nos anos finais do fundamental.

O governo Michel Temer tem usado os resultados negativos do ensino médio para argumentar em favor da urgência de se aprovar o texto referente a essa etapa da Base Nacional Comum Curricular.

"A chance de alcançarmos as metas estabelecidas é nula hoje no Ensino Médio. Neste ritmo, não cumpriremos as metas para 2021. Atreveria dizer que, se continuarmos neste ritmo, não cumpriremos em décadas", disse o ministro da Educação, Rossieli Soares Silva, durante entrevista em Brasília. 

O texto do ensino médio tem sido criticado e há o risco de não ser aprovado neste ano no CNE (Conselho Nacional de Educação). A definição da base tem ligação direta com a reforma do ensino médio, aprovada por medida provisória pelo governo Temer em 2017. A reforma prevê flexibilização curricular e só passa a valer depois da aprovação da base. 

Com a reforma, o ensino médio passa a ser organizado com uma área comum, referente a 60% da carga horária, e uma segunda parte a ser escolhida pelo aluno a partir de cinco áreas: ciência humanas, ciências da natureza, matemática, linguagens e educação profissional.  

Há receio, entretanto, sobre a capacidade de todas as escolas e redes oferecerem uma variedade de itinerários, dado opções a todos os alunos. Mais de metade dos municípios do país só tem uma escola de ensino médio, dificultando a oferta de cinco opções para os estudantes.

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