A escola tem um papel importante para formar o cidadão. No entanto, não podemos nos esquecer de que é também sua função preparar os alunos para o mercado de trabalho.
E preparar as crianças para qual cenário? A revolução que vivemos nos últimos 20 anos foi apenas um exemplo do que está por vir.
A mudança tem base tecnológica, mas envolve cultura e ambiente de negócios. Internet, celulares e redes sociais mudaram a maneira como fazemos compras, trabalhamos, namoramos e conversamos.
A única certeza que temos é de que as próximas gerações passarão por diversas ondas de ruptura.
Se já é difícil escolher uma carreira que começará daqui a cinco anos, imagine pensar que ela irá durar décadas e sofrer transformações.
A conclusão é óbvia: a escola deve evoluir. Precisa deixar a fixação de fazer crianças decorarem datas, com provas que lembram o controle de qualidade das fábricas, para se aproximar do provérbio chinês que diz "ensine-o a pescar e ele se alimentará pelo resto da vida".
O movimento maker e o empreendedorismo são boas respostas para esse desafio.
Engana-se quem acredita que o brasileiro não é empreendedor. Uma pesquisa da Firjan (entidade das empresas do Rio de Janeiro) mostrou que dois em cada três jovens brasileiros planejam ter o próprio negócio.
Eles enfrentarão um ambiente de negócios nada convidativo. A lista de dificuldades não é pequena nem simples: burocracia em excesso, corrupção generalizada, legislação restritiva e impostos de alta complexidade.
Entretanto, existem algumas questões que a escola poderia —e deveria— ajudar a resolver, como a falta de planejamento e a educação deficiente e defasada.
Somos considerados o país da criatividade. Vale para futebol e publicidade, mas, quando se trata de negócios, a história é outra.
Saímos do trinômio pet shop-academia-salão de manicure para uma sequência de modismos. Vieram ondas de iogurteria, paleta mexicana, cervejaria artesanal, hamburgueria gourmet e barbearia vintage.
Não precisamos ensinar o brasileiro a empreender: precisamos ensinar a empreender direito.
Não se trata de formar fundadores de startup —até um artista pode ser empreendedor.
Ao inserir a cultura maker, a escola permite aos alunos desenvolverem competências e habilidades que serão úteis em sua vida, independentemente de sua escolha profissional.
O aluno pode aprender a usar a tecnologia para solucionar problemas reais.
Descobrir como lidar com o risco, entendendo o erro como resíduo de um processo positivo de inovação.
Entender que é preciso ter resiliência para projetos complexos. Perceber a importância do trabalho em grupo, das ideias diferentes e da liderança.
E entender que ele pode mudar o mundo.
Estamos falando de preparar os alunos para serem protagonistas. Agentes de transformação, capacitados para resolver problemas e, principalmente, capacitados para se adaptar aos novos tempos. De novo, de novo e de novo.
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