Presidente da Capes é nomeado reitor do ITA e Ministério da Educação terá nova baixa

Anderson Correia já havia sido reitor do ITA entre 2016 até janeiro de 2019

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Brasília

O atual presidente da Capes, Anderson Ribeiro Correia, foi nomeado nesta terça-feira (17) como novo reitor do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica). O ato indica uma nova baixa na equipe do MEC (Ministério da Educação).

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) é ligada ao MEC. O órgão é responsável pelo sistema de pós-graduação no país.

Anderson Correia volta a ser reitor do ITA
Anderson Correia volta a ser reitor do ITA - Haydée Vieira/Capes

A Folha revelou em outubro que Correia havia se candidatado para voltar ao ITA, em meio a discussões sobre uma possível fusão com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Ele já havia comandado o instituto antes de chegar à Capes.

Ligado às Forças Armadas, o ITA seleciona o reitor a partir de um concurso aberto. O nome de Correia foi definido pelo Comando da Aeronáutica no último dia 12 e ele deve assumir no dia 27 de janeiro de 2020.

O MEC já está em busca de um substituto. O reitor do Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, é um dos cotados —ele esteve com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, no último dia 11.

Correia chegou ao MEC no início do ano, ainda na gestão do então ministro Ricardo Vélez Rodríguez. Seu nome chegou a ganhar força para substituir o de Vélez, com simpatia da ala militar do governo, mas ele acabou preterido por Weintraub.

Superado um distanciamento inicial, Correia e Weintraub depois se aproximaram. Na Capes, porém, a imagem de Correia foi abalada pelos cortes de bolsas, o que culminou em protestos de servidores contra sua gestão e a suposta passividade diante do esforço do ministério em capitanear a fusão com o CNPq.

A Folha revelou que uma decisão atípica da Capes liberou um doutorado na Unisa, de São Paulo. A instituição é controlada por Antônio Veronezi, empresário com estreita relação com Weintraub e com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Veronezi, da Unisa, diz que não tentou interferir no processo e que esteve na Capes, durante o período de análise, apenas para expor o novo bom momento da universidade –isso estaria sendo ignorado pelos avaliadores.

“Eu aproveitei que conhecia o Anderson [presidente da Capes], não tenho nenhuma outra relação com ele, disse para ele da dificuldade que estava havendo no curso de pós-graduação, que a reitora me disse que ia e voltava, ia e voltava. Falei: ‘Olha, Anderson, vai, passa lá e vê a realidade da instituição’”, disse ele, que relatou ter ido algumas vezes à Capes.

A convite, Anderson Correia visitou a universidade no dia 5 de abril. Questionado sobre os encontros na Capes, o órgão informou inicialmente a ocorrência de uma reunião, em fevereiro. No dia seguinte, corrigiu a data para julho.

O MEC foi a pasta com o maior número de mudanças e turbulências neste primeiro ano do governo Bolsonaro. Houve troca de ministro, o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) já está em seu segundo presidente e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), em seu terceiro.

Nas últimas semanas, o MEC teve baixas na equipe de alfabetização e a principal assessora do ministro se desligou repentinamente, dias antes de Weintraub sair de férias.

A própria permanência de Weintraub na pasta no próximo ano é vista com desconfiança por aliados e integrantes do governo. Bolsonaro nega, entretanto, que planeje promover alterações no comando da pasta. "Haverá tempo para uma transição tranquila, já articulada com o MEC. A escolha do futuro presidente da Capes será feita pelo ministro da Educação, que já está estudando um nome", informou o órgão em nota.

O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou que o rito de escolha do reitor segue o previsto em portaria de outubro de 2019. Essa portaria, no entanto, alterou as regras de seleção e acabou favorecendo Correia.

Norma de 2015 previa um intervalo de três anos para que um ex-reitor pudesse se candidatar novamente ao posto. Esse item foi eliminado. Anderson Correia foi reitor do ITA de 2016 até o início de janeiro de 2019. A Folha questionou o MEC na segunda-feira (16) sobre essa nomeação, mas não obteve resposta.

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